O ministro da Administração Interna disse esta segunda-feira, 17 de abril de 2023, que o relatório sobre o incêndio na Serra da Estrela (SE), em 2022, permitiu retirar “três ou quatro lições” que estão já incorporadas no Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR 2023).
De acordo com o “Notícias ao Minuto” online, que cita a agência Lusa, para o Ministro da Administração Interna, que participou em Manteigas, um dos concelhos mais afetados pelo incêndios de 2022 na Serra da Estrela, na sessão pública de apresentação do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR 2023), uma das situações está relacionada com a criação, nos Comandos Regionais, de equipas multifacetadas, com a participação das diversas entidades em cada uma das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, para que “quando o incêndio ultrapasse um determinado nível de complexidade haja competências técnicas capazes de estudar as melhores metodologias de abordagem”.
A segunda, considerada “muito importante”, tem a ver com a dificuldade na deslocação de meios para o terreno, com o ministro a referir que haverá “uma participação mais intensa do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas e da Força Especial da Proteção Civil, que mobilizarão meios e alargarão recursos humanos para que consigam entrar mais na floresta, mantendo a proteção das pessoas e dos seus bens”.
O ministro adiantou como terceira dimensão do dispositivo a capacitação de quem opera os meios helitransportados (helicópteros), estando prevista formação para “evitar repetição de circunstâncias” como aquela que é descrita no relatório do fogo que atingiu o Parque Natural da Serra da Estrela.
A quarta dimensão diz respeito à capacitação para a complexidade que os incêndios estão a revelar atualmente por força das condições climatéricas”, com o DECIR a prever “mais 5.400 elementos que recebam formação específica e de maior complexidade da parte da Escola Superior de Bombeiros”.
Sobre o DECIR 2023, o ministro da Administração Interna referiu que, no período de maior empenhamento (01 de julho a 30 de setembro) o dispositivo integra 13.891 elementos, 3.084 equipas, 2.990 veículos, o que “significa mais elementos disponíveis para a preparação para combate, mais a viaturas e mais equipas”.
Em relação aos meios aéreos, referiu que estão 72 em perspetiva. Estão dez em permanência e decorrem concursos para o seu reforço no período mais crítico.
“Este é, como aliás já referimos, o DECIR com mais meios de sempre. Com a maior dotação financeira e que remunera mais e dá mais e melhores condições a quem no terreno defende as pessoas e o seu património”, disse José Luís Carneiro.
O governante adiantou ainda que no corrente ano, a Guarda Nacional Republicana (GNR) deteve este ano 34 pessoas por suspeita de crimes de incêndio florestal
“A GNR já sinalizou 13.024 situações passíveis de infração por falta de gestão de combustível, já elaborou 66 autos de contraordenação pela realização indevida de queimas e queimadas e já elaborou 935 autos de notícia por crime de incêndio florestal”, disse José Luís Carneiro.
Na sessão de apresentação, o presidente da Câmara Municipal de Manteigas deixou duras ao Governo porque ao contrário do que aconteceu em Lisboa, o município que dirige afectado pelos incêndios e depois pelas cheias não teve qualquer apoio.
De acordo com o município de Manteigas, o autarca questionou os membros do Governo sobre a necessidade de dar resposta urgente aos problemas que resultaram do incêndio de 2022. Para além dos prejuízos naturais e ambientais incalculáveis, há ainda muito para resolver nas Freguesias de Sameiro e Vale de Amoreira, na sequência das enxurradas resultantes do incêndio e na Estrada Nacional N.º 338, cuja via de comunicação se encontra encerrada ao trânsito devido à perigosidade da queda de pedras.
Sobre esta última questão, o Ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, em declarações à comunicação social, assumiu o compromisso de abordar o assunto com o ministro da tutela das Infraestruturas de Portugal, na convicção de que a sua resolução deve assentar sempre na segurança das pessoas.