A Assembleia Geral da Santa Casa da Misericórdia do Fundão (SCMF) aprovou esta quarta-feira, por unanimidade, as atividades e as contas de 2022. O ano, marcado pelo aumento do custo de vida, acabou com um resultado líquido de 92 mil euros.
São mais 53 mil euros que em 2021. Apesar da receita ter aumento em mais de um milhão e 200 mil euros, também os custos sofreram uma subida na mesma ordem provocada, sobretudo, pelo impacto da guerra na Ucrânia.
O provedor da Misericórdia, Jorge Gaspar, explicou em Assembleia Geral que “o aumento real nos produtos alimentares, essencialmente, foi de 30%. Na eletricidade passamos de um gasto de 161 mil para 201 mil euros, só aqui temos 25% de aumento, assim como no gás. O grande impacto foi nos combustíveis de aquecimento, onde o aumento foi de 137 mil euros, quase que duplicou, estamos a falar de um aumento de quase 80%”.
O aumento das despesas também passou muito pelos custos com o pessoal, não só pelas novas contratações, mas também pelo aumento do salário mínimo nacional “que representou cerca de 70 mil euros ao longo do ano, mais os encargos inerentes a esse aumento”.
Consequências de investimentos que passam pela requalificação do lar da Misericórdia, do Hotel Príncipe da Beira e da nova Unidade de Cuidados Continuados, através de programas de financiamento.
Para o provedor são “apostas ganhas” que ajudaram no resultado líquido final.
“Conjugando os dois centros de custos inerentes à Unidade de Cuidados Continuados (média e longa duração) o resultado, em que dois meses foram pagos apenas em função do número de utentes e só dez meses foram pagos a 100%, foi superior a 400 mil. Esta foi uma aposta claramente ganha e que se reflete nestas contas, sobretudo num ano de grande crise e dificuldades financeiras”, explicava Jorge Gaspar aos irmãos da Santa Casa fundanense.
Uma aposta que também será ganha quando o Hotel Príncipe da Beira “funcionar em pleno. Podemos estar a falar de um impacto previsto em mais de 500 mil euros, que vamos somar à do Unidade de Cuidados Continuados. Estaremos a falar de resultados de exploração na ordem de um milhão de euros”.
Apesar do resultado líquido positivo e das perspetivas para o futuro, mantem-se uma dívida a fornecedores de conta corrente que no final de 2022 ascendeu a um milhão de euros.
Jorge Gaspar garante que existe um compromisso para ir amortizando a dívida, mediante o aumento do volume de receita dos investimentos e sem comprometer a execução dos projetos previstos.