Os alunos do curso de programação em informática da Escola Profissional do Fundão (EPF) estão a criar uma plataforma interna a partir de ferramentas de inteligência artificial. A ideia é facilitar a recuperação pedagógica dos estudantes em caso de ausência.
Trata-se de uma tecnologia que integra a “inteligência artificial do ChatGPT e outras ferramentas idênticas, no sentido de conseguirmos colocar todos os currículos disciplinares de determinado curso, estruturados modelarmente com as aprendizagens essenciais”, explica o diretor pedagógico da escola profissional, Jorge Gamboa.
O objetivo é, “sempre que houver a ausência de um aluno, por qualquer motivo, e haja a necessidade de recuperação de matéria, ele possa saber quais os pontos que devem ser revistos e operá-los através de um trabalho que a IA constrói em jeito de validação e que depois é entregue ao professor para uma validação final”.
O projeto tem outra particularidade, que é o facto de estar a ser desenvolvida pelos próprios alunos. Jovens programadores de informática que frequentam o segundo ano do curso profissional. A equipa está sob orientação do professor Johnny Ocampo, que explica o processo: “Com base em alguns sistemas em IA via interface de programação de aplicações (API), construímos uma plataforma própria em que os dados do aluno relacionados com determinado módulo curricular vão estar ali disponíveis”.
O primeiro protótipo está feito. “Nesta primeira fase o que queremos é o chamado retorno: enviamos um texto e esperamos que a inteligência artificial responda, tudo numa tela preta, sem gráficos, sem nada”. O docente de programação diz que “isso já mostra que a tecnologia está a funcionar” e, a partir daqui, “é possível começar a criar alguns testes, melhorar a interface e no início do próximo ano letivo já estará a funcionar melhor e a testar como previsto”.
Inteligência artificial como ferramenta pedagógica
Jorge Gamboa garante que neste novo sistema “o papel do professor não será substituído”. Esta, como outras plataformas, “é uma nova tecnologia que pode ser um auxiliar na formação pedagógica e temos que a aproveitar”, defende o diretor, que não tem conhecimento de nenhuma outra proposta igual à que se está a desenvolver.
“Não há mais nenhum sistema destes em nenhum lado, nem sabemos a dimensão que isto pode tomar. Estamos a falar de algo que pode promover o nosso sistema de prática, que pode ultrapassar a própria recuperação e que pode trabalhar essencialmente a recuperação da aprendizagem, que é a que nos interessa”. E diz mais: “isto pode evoluir para outras tipologias de formação: à distância, multilíngue, multicultural, porque nos proporciona muito mais variantes”.