Com 47 votos a favor e 23 abstenções os sócios do Sporting Clube da Covilhã, aprovaram ontem por maioria, na assembleia geral, o plano de atividades e o orçamento do clube para a época desportiva 2023/24, que prevê 272 mil e 500 euros de rendimentos e 161 mil 559 euros de gastos, para além de prever uma redução de €26.400 da dívida à banca.
“Este é o orçamento possível”, disse no final aos jornalistas Paulo Rosa, vice-presidente dos serranos. “É o orçamento possível, uma vez que a descida para a terceira liga traz uma notável redução de receitas, quase um milhão de euros, e temos que captar investimento para conseguir um bom orçamento, também na SDUQ, até porque, no que toca ao orçamento do clube, vamos ter menos 150 mil euros de receitas, que dizem respeito ao subsídio à formação dado pela UEFA aos clubes da II liga.
No que respeita à Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas, SDUQ, o orçamento também vai cair para metade, situando-se na ordem dos 500 a 600 mil euros”, sublinhou, vincando ainda que a direção “está a fazer os possíveis e impossíveis para garantir um bom campeonato, lutar pelo título de campeão nacional na Liga 3 e subir de divisão. Para que isso aconteça, temos de ter dinheiro disponível para manter a equipa durante a época, porque falta o dinheiro, mantendo também o que tem sido feito na gestão da SDUQ que é ter as contas regularizadas com toda a gente, já que, também, ainda não conseguimos encontrar investidores para a SAD, que vai mesmo ser constituída”, detalhou.
O dirigente Paulo Rosa falou à comunicação social, em substituição do presidente da direção, José Mendes, que “por motivos de força maior” não pôde estar presente, justificou o presidente da mesa, Jorge Gomes.
Em termos de atividades, o plano prevê cinco linhas orientadoras, foi explicado no decorrer dos trabalhos. O “encerramento das comemorações do centenário do clube”, que vai ocorrer a 9 de setembro, com a Gala do Centenário no Teatro Municipal da Covilhã e que “passará a ter realização anual”, tornando-se o momento de distinguir todos os que se destaquem no clube, desde a formação à equipa principal, sócios e covilhanenses, explicou o vice-presidente da direção.
Celebrar protocolos de cooperação com entidades da região, apostar na formação contínua de jovens, investir em infraestruturas desportivas, nomeadamente na conclusão da terceira fase das obras do Santos Pinto e Academia de Futebol e desenvolver novos projetos, como a mascote do clube, que será apresentada no início da época, desenvolvimento da bilhética e aposta nas redes sociais e digitais são outros dos pontos previstos no plano de atividades.
O clube pretende ainda apostar no futebol feminino, desde da formação, logo que tenha infra estruturas desportivas que o permitam, e em atletismo, para diversificar a prática desportiva, explicou o dirigente. “Precisamos de espaços físicos em condições, também para a formação. Precisamos que a Câmara nos ceda os terrenos para podermos avançar. Já era nossa intenção ter, no início desta época, dois sintéticos a funcionar. Logo que tenhamos essas condições iremos apostar também no futebol feminino”, disse. Recordar que ter futebol feminino e jogadores juniores a subirem à equipa principal é um dos itens exigidos para o clube obter a certificação cinco estrelas como entidade formadora FPF, sendo que nesta altura é, na região, o único que tem quatro estrelas, referiu António Vicente coordenador da formação do Sporting da Covilhã durante a assembleia geral. Uma reunião magna de sócios durou três horas, num clima calmo e sereno, bem diferente das últimas duas AG ‘s do clube, o que deixou satisfeito o presidente da mesa Jorge Gomes. “É neste sentido, é desta forma que quero levar o mandato até ao fim. Temos que estar unidos, a vida do SCC não está fácil e juntos somos mais fortes”, disse no final aos jornalistas, apelando à união. Diz-se “atento” e espera que no período pré-eleitoral “apareçam muitas listas que é sinal de vitalidade para o clube”. Recorde-se que o actual mandato de José Mendes finaliza em dezembro de 2024. Um dos pontos de crispação na assembleia foi, no entanto, a questão das actas, no início da assembleia geral extraordinária. Após a leitura da acta anterior (28 de março de 2023), Jorge Gomes informou que decidiu optar, com aconselhamento jurídico, por submeter a votação a minuta da ata no final de cada reunião, sendo depois a ata lida, e se necessário alterada na reunião seguinte, mas sem votação. Explica que “tal impede que quem não esteve presente vote, pois ninguém nos garante que na assembleia seguinte depois se aprove a acta. Estamos juridicamente apoiados”, disse. Sobre o facto de os sócios não concordarem com a posição “lamento, mas quando o apoio é jurídico e estamos certos que estamos a fazer bem não se mudar a posição”, e se os associados quiserem mudar o que está na acta podem fazê-lo. As actas o que têm que refletir é o que as pessoas nos dizem ao longo das três horas que aqui estivemos”, exemplificou.
Na reunião foi ainda aprovado, por unanimidade e aclamação, um voto de pesar pelo falecimento, em março passado, de José Manuel Moura, 1.º secretário da Mesa da Assembleia Geral, e um voto de louvor ao colectivo Wool, Festival de Arte Urbana da Covilhã, pela realização do mural comemorativo do centenário do clube, proposta apresentadas pelo associado Marco Gabriel. Quanto a Afonso Gomes, o sócio levou à assembleia geral uma outra proposta, no sentido do ex-dirigente Carlos Miguel Saraiva, que escreveu dois livros sobre os 100 anos do clube serrano, podendo, em breve, ser sócio de mérito do Sp. Covilhã. A direção aceitou o repto e vai analisar.