A natureza não se compadece com prazos, planos de ordenamento ou burocracias e começou a renascer nos territórios assolados pelos incêndios nos últimos anos, antes de qualquer intervenção humana.
“Nós temos territórios que estão piores do que estavam naquela altura. Neste momento, se lá houver um incêndio, apesar de não haver vegetação de grande porte, o que está no terreno é de mais difícil combate, estamos a falar de três a quatro anos de regeneração natural em que tudo o que nasceu, lá ficou.”
Bombeiro há 30 anos, Luís Antunes, diz que o combate às chamas, no presente, não pode ser igual há 15 anos.
“Há 10, 15 anos, qualquer incêndio chegava a uma linha de água e ele próprio quase que se auto extinguia, porque estava tudo cultivado, hoje em dia tem uma maior aceleração porque, dado o abandono do território, tudo o que lá nasce, lá fica.”
Apesar da missão dos bombeiros ser a de combater os incêndios, os soldados da paz também estão preocupados com a prevenção.
“Ao falarmos de incêndios florestais, normalmente, dá-se destaque ao combate, mas devíamos começar, se calhar, pela prevenção. O que é que foi feito pela prevenção?”
A análise do novo presidente da Federação Distrital de Bombeiros de Castelo Branco em entrevista à RCB. Luís Antunes, bombeiro há três décadas e, desde 2016, comandante dos Bombeiros Voluntários de Proença a Nova, resume, numa frase, o significado de ser bombeiro.
“É ser alguém que tem vontade de ajudar, basicamente.”
Pese embora esta seja a essência do bombeiro, não chega, uma vez que o bombeiro tem de ter formação obrigatória.
“Qualquer bombeiro voluntário tem de cumprir, obrigatoriamente, 40 horas de instrução, administrada pelo seu corpo de bombeiros e 160 horas de piquete voluntário.”
Apesar de concordar com a formação, Luís Antunes entende que deveria haver maior flexibilidade, atendendo à realidade do voluntariado.
“Eu sou a favor que exista instrução, agora, é uma regra rígida porque se chegarmos ao fim do ano, a 31 de dezembro, e um bombeiro não tiver cumprido os requisitos, automaticamente o sistema encosta-o para o lado.”
Luís Antunes entende ainda que a Escola Nacional de Bombeiros “não está tão virada para os bombeiros como deveria de estar, porque se eu tiver um formador numa área e eu ministrar formação nessa área, a Escola Nacional de Bombeiros não suporta nada, e cada vez mais começa a haver menos interesse em ser formador, porque não há incentivos.”
Os anseios e as dificuldades dos bombeiros foram os temas da entrevista do Presidente da Federação Distrital de Bombeiros à RCB.