O município do Fundão vai criar um Fundo Arquivístico Digital com todo o acervo de Rolão Preto, uma das “mais ímpares figuras do século XX” que passou pela região e que agora vai ter o destaque merecido. O “Fundo Rolão Preto” resulta de um protocolo assinado, na passada sexta-feira, entre a Câmara Municipal e a família do antidemocrático.
A formalização de um acordo entre o município e a família de Rolão Preto deu início à criação de um fundo digital com todo o acervo de livros e documentos daquela personalidade, com raízes no concelho do Fundão, nomeadamente na freguesia da Soalheira.
A ideia, refere o presidente da Câmara, surgiu em fevereiro deste ano “no seguimento de uma sessão na Soalheira”, aquando da apresentação da segunda edição das Obras Completas de Rolão Preto.
De acordo com Paulo Fernandes, “ficou no ar a possibilidade de começar a trabalhar a documentação a partir do território e começar a construir uma forma do acervo documental chegar ao grande público. Questão que é muito importante e que ajudará a perceber melhor, a ter mais informação e ter mais estudo e conhecimento relativamente aquela figura tão essencial para todos nós”.
A solução passa então pelo desenvolvimento de uma plataforma informática que possa agregar todo o espólio do homem que criou o Movimento Nacional Sindicalista e se opôs a Salazar.
Assim, pretende-se que seja um fundo com mais de mil documentos, entre manuscritos, fotografias, livros, vídeos, entre outros.
Para Paulo Fernandes, a criação deste Fundo Arquivístico Digital de Rolão Preto, “é uma enorme satisfação para o concelho porque são anos a falar disto”.
“Finalmente ver a figura de Rolão Preto a ser expressa, discutida, transmitida nas suas múltiplas camadas, porque era mesmo um buraco que tínhamos nesta questão das personalidades na nossa região”, afirmou o edil esta sexta-feira, na sessão protocolar.
O autarca refere ainda que a “criação de valor cultural, social, científica e económico a partir do território justificam esta opção”. Na mesma linha, José Melo Alexandrino, que reeditou as principais obras de Rolão Preto e esteve presente na assinatura do protocolo, explica que “o fundo, uma vez criado e estando online, entra automaticamente no portal português de arquivos e na rede europeia”, o que se traduz numa “projeção imediata que advirá para o município do Fundão”.
O professor universitário acredita ainda que “este primeiro movimento, embora integrado em políticas e programas já existentes e delineados do município, vai potenciar o surgimento de fundos análogos relativos a outras figuras que tenham documentos merecedores de similar tratamento”.
O Fundo Arquivístico Digital Rolão Preto começa a ser criado agora e o município espera que este, “seja o ponto de partida” para pensar outras iniciativas “que possam ativar a memória” daquele concidadão, “que foi dos mais ímpares que o século XX teve na nossa região”, refere o autarca Paulo Fernandes.