“O Homem de Duas Sombras” é o título do mais recente livro do penamacorense José Manuel Batista, apresentado na passada sexta-feira, 27 de outubro, na sua terra natal. A partir de uma única personagem, o autor presta homenagem não só aos seus pais, mas a todos os emigrantes portugueses do século XX.
É a terceira obra de José Manuel Batista, nascido em Penamacor há 70 anos. À RCB, o autor conta que “O Homem de Duas Sombras” assenta na dimensão do indivíduo, através “de uma personagem que, supostamente terá um caminho, o eclesiástico, mas que depois por contingências da vida, vai alterando o seu percurso e é colocado perante situações inimagináveis. Ele próprio muda o seu carácter e passa toda a vida de lugar para lugar, entre França, Espanha e Portugal, na procura de um equilíbrio no amor, na profissão, quase como um percurso iniciático. Nós vamos passando por várias etapas até que nos encontramos finalmente e é o que acontece com esta personagem”.
É a partir deste protagonista que José Manuel Batista relata a epopeia de muitos emigrantes portugueses que, entre os anos 50 e 60 do século XX, no tempo do Estado Novo, se dirigiram para França em busca de uma vida melhor, e aos quais quis dar a devida “dignidade”.
“Em relação à parte que acontece em França, tentei trazer um pouco dessa realidade, quase que a fazer-lhe justiça, para o meu livro porque parece-me que a emigração é um filho menor. Hoje já se começa a falar um pouco da coragem e da epopeia que foi emigrar naquelas condições tão miseráveis, mas efetivamente não há muitos livros a falar disso e eu senti que tinha que repor-lhes essa dignidade, valorar a sua coragem e a sua viagem”, explicou o autor na sessão de apresentação na sua terra natal.
Uma viagem literária que passa pelos “biddovville” dos arredores de Paris, pelas ações de luta e oposição ao Fascismo português em terras francesas, mas também por muitos dos acontecimentos, figuras, locais e situações que marcaram a vila de Penamacor na segunda metade do século XX, numa forma de homenagear as suas raízes e os seus próprios pais, também eles emigrantes.
Depois das apresentações em Vila Velha de Ródão, concelho onde reside, e Penamacor, o autor equaciona agora a hipótese de levar “O Homem das Duas Sombras” a Paris, de modo a divulgar a sua epopeia junto da comunidade de emigrantes portugueses.