Rosário Farmhouse entende que “não é motivo de alarme pensarmos que temos mais crianças em perigo, não, nós temos mais crianças acompanhadas pelas Comissões, mais comunicações de perigo, mas isso é o resultado, creio eu, de sensibilização da comunidade e entidades com competência em matéria de juventude.”
Este ano houve uma inversão na tipologia de casos denunciados, subindo para o topo a negligência, seguida da violência doméstica, comportamentos de perigo na infância e juventude e, em quarto lugar, o direito à educação.
“Nos outros anos a violência doméstica estava no topo das comunicações de perigo, mas não no topo das situações diagnosticadas, este ano, pela primeira vez a negligencia está em primeiro lugar. E o que é isto da negligência? É a incapacidade dos pais ou dos cuidadores garantirem que a criança tem direito à educação, vai às aulas a tempo, tem uma alimentação adequada, a higiene ou o afeto que é tão importante e que, infelizmente, tantas crianças não têm.”
De saída do cargo, ao fim de sete anos, a presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens espera que o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido nesta área tenha continuidade.
“Não tem a ver com mudanças governativas, tem a ver com aquilo que se tem sentido nos últimos anos de, mesmo dentro do sistema, as pessoas acharem que não funciona, vamos fazer um novo.” Rosário Farmhouse espera que “se melhore, que se faça bem melhor, certamente que há muito caminho para andar, a estrada é grande e enquanto houver estrada para andar temos muito para andar não deitando tudo a perder.”
A presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens falava, esta tarde, na Covilhã, aos jornalistas, à margem do Encontro Anual de Avaliação da Atividade das CPCJ que decorre até amanhã, no Teatro Municipal, sob o lema “Enquanto houver estrada para andar.”