A este ritmo, a investigadora nas áreas da desertificação, catástrofes e riscos ambientais, recursos naturais e geomorfologia, não augura nada de bom para o futuro.
“Esse ritmo vai levar-nos a problemas graves de conflitos e se não tivermos consciência, no futuro, as lutas por terra e por água serão muito mais iminentes, porque as pessoas precisam de se alimentar.”
Para isso também tem contribuído o facto do solo ser tratado, no conjunto dos recursos naturais do planeta, como o filho de um Deus menor, quando se trata de um recurso essencial.
“Nós precisamos de solos, não só por uma questão alimentar, mas para termos água e nunca se fala nesse recurso com a devida relevância e importância, e deviam começar logo de pequeninos a perceber a relação entre o solo, a água e a vegetação.”
Aumentar a literacia sobre solos e a importância desta trilogia na sociedade é, desde logo, uma das soluções, apesar de Maria José Roxo considerar que já não vamos lá só com sensibilização.
“Não, vamos com medidas efetivas e o Estado tem de ter um papel mais ativo do que tem.”
O solo é um recurso que não diz respeito apenas aos agricultores, e para estes há medidas já estudadas e recomendadas, como a prática de uma agricultura de conservação, mas a todos os setores da sociedade.
A União Europeia já traçou metas, a mais próxima é restaurar 30% dos solos degradados até 2030. Apesar do objetivo ser ambicioso, a investigadora considera premente o seu cumprimento.
“Temos de deixar um legado, e o legado é recursos naturais saudáveis.”
A Terra, acrescentou ainda, sobreviverá sem o Homem, mas o ser humano não consegue sobreviver sem o planeta.