O Espaço Pontes, no Fundão, acolhe até 16 de setembro, a exposição “Ontologia da Terra III”. A mostra de Jéssica Burrinha manifesta a preocupação de uma era marcada pela poluição humana, através de uma escultura concebida apenas com a terra que diariamente pisamos.
A “Ontologia da Terra” começou na primeira exposição individual de Jéssica Burrinha, tendo como objeto de estudo a matéria que estamos habituados a ver em vários solos.
Para a artista, uma das poucas a trabalhar a terra na escultura, o objetivo é “mostrar às pessoas que é possível construir com terra, a terra que nós pisamos, que nos dá comida, a terra que pode ser o nosso teto também pode ser servida como arte”, explicou à RCB, na altura da inauguração.
Jéssica lembra que tudo começou em 2018, no âmbito da sua tese de mestrado na Faculdade de Belas Artes de Lisboa, e desde então, não conseguiu “parar de trabalhar a terra. É uma matéria muito interessante de conhecer, de estudar e estou sempre a aprender com ela”.
A artista lisboeta elucida que o processo de transformar a terra em arte começa por perceber “como retirá-la do solo, de onde a retirar, conhecer as melhores terras para construir”, e a partir daí, é “recolher, começar o processo de compactação só com terra e água e com a força” dos braços.
Depois, aponta a escultora, “basta a imaginação fluir e claro, a natureza é sempre uma inspiração”.
Na terceira parte da “Ontologia da Terra”, no Espaço Pontes, é possível ver pequenas peças com terra recolhida de várias localidades do país. Assim como o seu território, as peças divergem “em cor, forma e textura”.
Mas de toda a exposição, há uma escultura que sobressai, pela sua mensagem ambientalista.
A peça “mor” fala sobre o Antropoceno, “a época em que o ser humano está a poluir a terra, e tudo o que vemos dentro dessa escultura são restos eletrónicos, plásticos, tudo o que nós deixamos na terra. E esta peça é como se fosse vista no futuro, o que vamos encontrar debaixo da nossa terra, que andamos a poluir”, desmonta Jéssica Burrinha.
Sustentabilidade e ecologia são temas “sempre relacionados” com o trabalho da escultora lisboeta, que agora também pode ser visto no Espaço Pontes do Fundão até 16 de setembro, com entrada livre.
Uma iniciativa promovida pela ARS Investigação e Desenvolvimento, no âmbito do projeto Pontes.