Um serviço de recolha de bioresíduos domésticos para os transformar em composto para solos, é o novo projeto que nasceu na cidade do Fundão, pela mão de uma organização privada sediada na freguesia da Coutada. A ideia da HumaNature começou a funcionar ns terça-feira, 6 de agosto, com meia dezena de utilizadores, mas as inscrições estão a superar expectativas.
Às terças e quintas-feiras, a equipa da HumaNature passa por todas as casas que aderem ao serviço, para recolher o lixo orgânico produzido ao longo da semana e depois transformá-lo em composto para solos.
A ideia surgiu da necessidade de reverter o ciclo da degradação dos solos, preenchendo simultaneamente uma lacuna sentida na cidade do Fundão.
“Atualmente estamos com muitos problemas na agricultura, os solos estão a degradar-se e a secar cada vez mais. E reparei que, no Fundão, não há nenhum serviço para compostar lixo orgânico, que é fundamental para restaurar o solo”, explicou à RCB a holandesa Marissa Verhoeven, uma das responsáveis do projeto.
O serviço funciona duas vezes por semana, sem qualquer custo associado. A organização, sediada numa quinta da Coutada, a “Quinta do Amanhã”, fornece um contentor específico para os utilizadores fazerem a separação dos seus resíduos, e depois procede à sua recolha, deixando um outro contentor totalmente novo e limpo.
Os tipos de resíduos que podem ser colocados nos depósitos, “dependem sempre do tipo de compostagem que é feito”, aponta a agricultora holandesa. No caso do HumaNature, a compostagem é melhor com “resíduos à base de vegetais, como cascas de frutas e legumes; alimentos pouco processados, como pão e outros cereais”, evitando sempre alimentos muito processados, como é o caso dos doces, ou até mesmo produtos de origem animal.
Depois de recolhido, o lixo orgânico é transformado pela HumaNature em composto rico para alimentar os solos da “Quinta do Amanhã”, mas também pode servir, no futuro, “para os jardins da cidade”. Outra parte vai para os utilizadores do serviço, para que o possam usar nos seus jardins ou plantas domésticas.
O projeto arrancou esta terça-feira, 6 de agosto, apenas com cinco pessoas. O suficiente para o número de voluntários da equipa HumaNature, que trabalha sem qualquer financiamento.
Mas depois de receber “muitas respostas com entusiasmo” (através do email compost@humanature.life), a ideia é envolver a Câmara Municipal do Fundão para “criar pontos de compostagem” e poder chegar a toda a gente.
Marissa Verhoeven revela à RCB que já tentou contactar com o município, mas ainda não obteve resposta. Recorde-se que em junho do ano passado, a câmara municipal já tinha anunciado a instalação de compostores comunitários para iniciar a recolha de resíduos biodegradáveis, fruto de uma candidatura aprovada ao Fundo Ambiental.
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