Actual dirigente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, ex-árbitro de segunda categoria nacional de Futsal (AFCB/FPF) e ex-presidente do Núcleo de Árbitros de Futebol Albicastrense, decidiu em 2022, escrever um livro.
A obra “Árbitros Como Nós” será apresentada este sábado, no decorrer do Fólio – Festival Literário em Óbidos e a 25 de outubro no Fundão.
Em entrevista à RCB, o fundanense Sérgio Mendes refere que “este livro , é uma obra que demorou dois anos a fazer, em que procura abordar a arbitragem em diferentes facetas. Nós temos ali um conjunto de capítulos, como por exemplo, a evolução da estrutura da arbitragem, realçamos grandes figuras da arbitragem por décadas, e começamos logo a partir de 1890. depois temos ali, o movimento associativo, grandes causas, o aparecimento dos Núcleos, o aparecimento da APAF e também, outro capítulo, tem a ver com o lado lunar, isto é, o lado mais obscuro da arbitragem (corrupção, acidentes, agressões, etc). Temos ainda a parte da evolução das leis de jogo. O livro tem a particularidade de destacar gente importante e gente anónima, que se distinguiu de diferentes formas, arbitragem no feminino, algumas curiosidades coma carreira de alguns árbitros e árbitras estrangeiro(a)s, luso-descendentes. Portanto, dá para ser lido de diferentes perspectivas”. Disse.
Este trabalho, também é de historiador, acrescenta o autor. “Não foi fácil, tivemos dificuldades de encontrar fontes e por isso não foi fácil, não. Tive que encontrar tempo, para conciliar a vida associativa, a vida profissional, a vida desportiva, com um projecto, que foi a minha paixão até agora, como historiador, foi de facto assim. Estão lá 450 páginas, com anexos incluídos, onde tenho lá a constituição de todas as equipas de arbitragem de futsal/futebol, que dirigiram jogos das finais da Taça de Portugal, Campeonato de Portugal, Taça da Liga, Supertaça. É um trabalho que custou imenso, pois, nem sempre é fácil, também, despir a camisola de árbitro e vestir a de historiador”. Disse.
Com um prefácio do ex-árbitro internacional de futebol, Duarte Gomes, o livro custa 25 euros e pode ser comercializado de duas formas: Através da APAF e/ou FNAC e Bertrand, por exemplo.
À pergunta porque é que as pessoas devem adquirir a obra, a resposta é simples.
“Quem gosta de desporto deve adquirir, porque fala um pouco do que foi a evolução do desporto em Portugal. Quem gosta de arbitragem, deve adquirir para perceber as dificuldades que passámos para chegar onde nós chegámos. Deve adquirir para conhecer grandes investimentos que foram feitos em alturas que nunca ninguém imaginou. Em 1950, por exemplo, já havia uma pessoa que andava pelo país todo, a analisar imagens de vido da BBC. E também devem fazê-lo em termos lúdicos. Nós temos ali alguns episódios, onde por exemplo, Rosa Santos (ex-árbitro de futebol, da AF Beja), explica como ele faz um sorteio, no início do jogo Belenenses-Vitória de Setúbal, logo a seguir ao 25 de abril, onde o Belenenses, muito associado ao Estado Novo e faz um lançamento da moeda, em que, numa face tinha um rúbolo russo e do outro lado, tinha a figura do Estaline. Ele convida o capitão do Belenenses, a escolher, entre Estaline e o comunismo. Portanto, são pequenos episódios que lá estão, que despertam curiosidade. Temos também lá, a história do Cartão Branco que é uma invenção portuguesa, para quem não sabe. A história é muito rica, sou suspeito, mas acho que o trabalho está interessante”.
Depois de Óbidos, o objectivo de Sérgio Mendes passa também, por levar o livro a todo o país, a começar pelo Fundão, dia 25 de outubro, para poder, ao mesmo tempo, homenagear Carlos Miguel Xistra.
“O objectivo é fazer assim dessa forma. Em Óbidos, integrado na iniciativa “Encontro de Árbitros Jovens”, com cerca de 150 pessoas presentes. Depois queremos desafiar os Núcleos/Conselhos de Arbitragem, a fazer várias apresentações. O nosso objectivo é homenagear em vida, muitos daqueles que deixaram um grande legado na arbitragem, casos de Carlos Valente, Veiga Trigo, que infelizmente, faleceram à pouco tempo, mas a ideia é essa. Imaginemos, por exemplo, que em Braga querem fazer uma homenagem a um árbitro Y, ele está referenciado no livro, vamos e fazemos a homenagem. Aqui, no Fundão, o nosso objectivo passa por convidar para uma mesa redonda, Carlos Xistra. Nunca foi feita uma verdadeira homenagem ao Carlos Xistra e porque não fazê-la naquele momento? Penso que é uma excelente oportunidade para o homenagear e assim sucessivamente, um pouco por todo o país. Em princípio será no Casino Fundanense, caso esteja disponível, dia 25 de outubro, às 21 horas”. Conclui Sérgio Mendes à RCB.
Em Óbidos, Sérgio Mendes terá a companhia de Luciano Gonçalves, Olegário Benquerença e Vitor Serpa.
A apresentação realiza-se no Jardim do Solar da Praça de Santa Maria, a partir das 17h30.
O livro tem apoio do Plano Nacional de Ética no Desporto.