“Nós estamos, neste momento, a fazer uma candidatura ao Inventário do Património Imaterial. Se conseguirmos fazer essa inscrição no PCI é uma marca bem forte que vai ficar na nossa aldeia.”
Em entrevista ao programa “Flagrante Direto” da RCB, a presidente da junta adianta que a candidatura está a ser preparada para valorizar este produto que faz parte da memória dos sobralenses.
“Faz parte da vida da mulher e do quotidiano da aldeia. Está associada às refeições especiais, a pica ou a guleima era um miminho para os mais novos. Cozia-se o pão centeio e uma casa que tivesse um bocadinho de bacalhau que pudesse colocar lá.”
A pica de cebola e bacalhau, que tem as variantes de pica de sardinha e de carne entremeada, dependendo das posses de cada família, tem outras particularidades que fazem parte da história que será contada na candidatura, “a pica tem uma característica que não é cortada à faca, é cortada à mão e é servida aos pedaços.”
São os segredos, as histórias e as memórias associadas à confeção da pica de cebola com bacalhau que farão parte da candidatura.
“O Património Imaterial tem mesmo a ver com isso, com tudo o que está à volta da confeção da pica, as rezas, os termos, toda uma imaterialidade associada a ela”.
No Sobral de S. Miguel as famílias ainda fazem as picas de bacalhau, de carne entremeada, de sardinha e as guleimas. O visitante que as pretender degustar pode agendar uma visita à aldeia do xisto, com lanche incluído, onde serão servidas estas iguarias. É uma das experiências que Sobral de S. Miguel tem para oferecer ao visitante.