O Bloco de Esquerda vai propor para o Orçamento de Estado 2025, a integração dos trabalhadores do centro de contacto da Segurança Social de Castelo Branco na função pública. O compromisso da coordenadora do partido, Mariana Mortágua, que esteve hoje na capital de distrito para um plenário com os trabalhadores daquela estrutura.
É uma reivindicação antiga dos trabalhadores deste centro de contacto em Castelo Branco. A sua integração na função pública, para que tenham as mesmas condições de um trabalhador da Segurança Social.
Uma luta que começou em novembro de 2023 e que o Bloco de Esquerda tem acompanhado, junto dos trabalhadores e do sindicato que os representa.
De acordo com Mariana Mortágua, o partido já questionou a ministra da Segurança Social numa audição “há dias”, que “garantiu que não vai integrar nenhum destes trabalhadores”.
“Nós temos um problema na sociedade portuguesa que é baixos salários, outsourcing, pressão laboral, tudo aquilo que nós dizemos tem que ser combatido, e depois o Estado não está disposto a combatê-lo com a justificação que é assim que as coisas são”, aponta a coordenadora do Bloco que admite ir ao Orçamento do Estado “apresentar propostas para integrar estes trabalhadores, porque é o que faz sentido”.
No último ano, os trabalhadores do centro de contacto da segurança social em Castelo Branco têm denunciado atrasos salariais e abusos laborais por parte da ‘Reditus’, empresa contratada desde 2022 pelo Ministério do Trabalho, para garantir o serviço.
Enquanto os trabalhadores da ‘Reditus’ têm um vencimento base de 820€ sem progressão, um subsídio de refeição de cerca de 4€, 40 horas semanais de trabalho, e um tempo médio de atendimento ao cliente de 4 minutos; os trabalhadores da Segurança Social recebem mais de 900€ com progressão, 6€ de subsídio de alimentação, tendo 15 minutos para atender o cliente num horário semanal de 35 horas. Dados de uma tabela divulgada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (SINTTAV)
Uma discrepância que, segundo Mariana Mortágua, dá “razão” aos trabalhadores do call center de Castelo Branco de lutar pela sua integração.
“Nós não podemos andar sempre a dizer que a precariedade afasta os jovens de Portugal, que os baixos salários são um problema do país e depois de repente temos um call center do Estado que anda a deixar jovens com baixos salários, de forma precária, em vez de serem integrados nas estruturas do Estado. O Estado não pode ser o pior patrão de todos e por isso estes trabalhadores têm a razão e quando lutam pelos seus salários, pela sua integração na segurança social, estão a lutar, na verdade, por todos os trabalhadores que vivem nas mesmas circunstâncias”.
Mariana Mortágua esteve esta manhã junto dos trabalhadores e dos dirigentes do SINTTAV. Mas à Rádio Cova da Beira falou antes, no Fundão, onde esteve com a concelhia para analisar as eleições distritais e as autárquicas.