Foi lançado esta segunda-feira, 16 de dezembro, no Casino Fundanense, o primeiro Guia para Acolhimento e Integração de Refugiados. O documento, que funciona como uma ferramenta prática e estratégica para apoiar comunidades e técnicos, é uma iniciativa da AMURT – Associação de apoio social e humanitário, em colaboração com a Ananda Marga Polónia e o Centro para as Migrações do Fundão.
Lançado no âmbito das comemorações do Dia Internacional das Migrações, e desenvolvido no âmbito do “Plano de Ação para Acolhimento e Integração de Refugiados”, este é um “guia pioneiro que recolhe uma data de informações úteis para quem quer acolher e integrar refugiados”, aponta a assistente social do centro fundanense, responsável pela apresentação do documento.
À RCB, Cátia Vinagre explica que “já existem alguns documentos práticos, nomeadamente da AIMA e do Ministério da Educação em relação a algumas práticas que se desenvolvem em alguns setores, mas não há um guia de A a Z. Um manual em que se pode coletar uma série de práticas e formas de apoio e resposta social para este contexto específico dos refugiados”.
Práticas que surgem do trabalho e experiência do Centro para as Migrações do Fundão, mas também da associação internacional AMURT, que atua no concelho da Covilhã, e da Ananda Marga Polónia, cujo trabalho é mais direcionado para o acolhimento de fronteira.
Assim, o documento apresenta orientações que vão desde “a parte do acolhimento inicial à integração e posterior autonomização”, explica a assistente social.
“No início, se calhar, focamo-nos mais nas condições de saúde, na regularização administrativa. E a verdade é que, quando se começa a intervir com este tipo de público, nós não sabemos muito bem o que é que temos de fazer, onde é que nos temos de dirigir. E como [o guia] aborda estas diferentes fases, vamos conseguir dar uma resposta diferente ao público que estamos a acompanhar”.
Com uma checklist de necessidades nas mais variadas áreas, um fluxograma com todas as etapas do processo de acolhimento, um mapa de rede de parcerias, uma estratégia de comunicação integrada e vários testemunhos reais, o objetivo do guia é “chegar a todo o público”.
Além dos técnicos, das entidades institucionais, e dos próprios refugiados, o documento também é destinado à comunidade em geral. Porque, de acordo com Cátia Vinagre, a sociedade tem “um papel fundamental no acolhimento e integração destes refugiados e se dermos um bocadinho de nós, certamente eles vão se acolher e integrar de uma forma mais rápida e a autonomia vai ser mais rápida”.
Para a vereadora municipal da ação social, inclusão e igualdade este guia representa um caminho que o Fundão não prescinde de fazer no acolhimento e integração.
Mas Alcina Cerdeira refere que ainda vão surgir “outros problemas”, sendo necessário “continuar na procura de novas soluções”, uma vez que este documento não é para ser seguido “como uma receita”.
“Cada pessoa, cada indivíduo, cada família tem características próprias e temos que adaptar todas as nossas estratégias para a melhor inclusão dessas pessoas, dessas famílias, e para nós este caminho é mesmo considerado algo extraordinário e que veio de facto fazer toda a diferença no nosso território”, afirmou a autarca, durante o lançamento do guia, destacando que o quer ver apresentado noutros contextos, para que chegue ao máximo de pessoas possível.
O documento de orientação para um melhor acolhimento e integração de refugiados está disponível online, na página oficial da AMURT, sendo que existem alguns exemplares físicos disponíveis no edifício da Câmara Municipal do Fundão.