Com a presença de 100 associados no Auditório Municipal, a direção de Marco Pêba, apresentou ontem em assembleia geral extraordinária, o plano estratégico para o futuro do Sporting da Covilhã.
O projecto dos actuais dirigentes do clube serrano, não passa por investidores privados, nem por apoio bancário, mas sim, recorrer ao crowdfunding (angariação de fundos – financiamento colaborativo), de modo, a tentar uma solução financeira viável, com o objectivo de obter uma verba de 350 mil euros, através de uma plataforma, aberta a sócios, patrocinadores, parceiros, simpatizantes, adeptos e anónimos, como forma de ajudar a debelar a crise financeira que o clube vive nesta altura.
Daí que, os objetivos divulgados pelo líder dos serranos, relativos às três medidas propostas visam a “diminuição da dívida para libertar tesouraria”. Isto é: Liquidar a dívida AT (144 mil euros), o empréstimo do BCP (137 mil euros) e também o empréstimo à Caixa de Crédito Agrícola (53 mil euros).
No que diz respeito ao financiamento colaborativo, ” O crowdfunding é uma excelente forma de mobilizar a comunidade em torno de um objectivo comum, como forma de donativo. Quem pode contribuir?. Os sócios, parceiros, patrocinadores, entidades covilhanenses e simpatizantes. Pretendemos angariar 350 mil euros. Para quê?. Pagar dívidas. O donativo pode ser feito directamente na secretaria do clube, por meio de transferência bancária, para uma conta que vai ser aberta, só para esse efeito, durante o primeiro trimestre de 2025″, referiu o presidente do clube.
Esta é uma das três medidas, que foram apresentadas aos sócios, como forma de abater a dívida e ajudar o clube no futuro.
Tudo passa ainda, pela actualização das quotas (aumento) a partir do próximo ano e alienar os silos auto do clube, vendendo por um milhão e 300 mil euros, ao Município da Covilhã, “caso assim o entenda, pois apenas o município o poderá adquirir, mais ninguém. Recordo que a Câmara Municipal da Covilhã tem um contrato connosco com validade de 10 anos, passaram apenas 2, termina em 2032, onde paga 50 mil euros/mês ao SCC, como forma, também, de ajudar a construção da Academia de Futebol de Formação SCC”, acrescentou Marco Pêba aos sócios.
Quanto às quotas. Nesta altura, o Sp. Covilhã tem 2929 associados, na qual dão uma receita de €94 mil. Com este aumento de quotização, poderemos receber, cerca de 165 mil euros.
A proposta que apresentamos, a ser votada favoravelmente, na próxima assembleia geral (vai ser marcada para a segunda quinzena de janeiro de 2025 N/R), os sócios de 50 cêntimos passam para 2.50 euros (estudantes e menores), quota de 1,25 passa para €3.50, quota de 2.50 euros passa para €4.50, quota de €5 passa para €7.50, enquanto a quota anual de 15 euros, passa para €25.
Por falar em Academia, Marco Pêba referiu que “Temos de rever o projecto da Academia para adequar, ao valor disponível com a venda dos silos, a qualidade e a funcionalidade. Quanto à gestão financeira, devemos implementar um plano rigoroso para monitorizar as despesas e poupanças decorrentes da nova Academia, maximizar a utilização da Academia e considerar a abertura da Academia para eventos e outras atividades que possam gerar receita adicional, seja aluguer de espaços, clínicas, ginásio, entre outros”, sugeriu o dirigente.
No que diz respeito aos associados presentes na Assembleia Geral Extraordinária do Sporting Clube da Covilhã, alguns deles, não acreditam que as propostas apresentadas por Marco Pêba possam resolvam os problemas do clube, muito pelo contrário, com especial enfoque, no crowdfunding. Esperavam muito mais da direção.
São os casos de Paulo Ribeiro, João Ribeiro, Óscar Feliciano, Paulo Rosa, Pedro Silva, Vasco Pereira, Guilherme Almeida e Marco Gabriel, que usaram da palavra.
Excepção feita ao associado Joaquim Matias, que pediu “o benefício da dúvida às propostas da direção e união de todos os sócios, apesar de existirem opiniões diferentes e haver sócios toupeiras nas redes sociais”, tal como Nuno Catarino, apelou.
“Devemos estar todos juntos e unidos em torno do clube. Temos de ajudar, de apoiar o SCC, no sentido destas propostas poderem ser aprovadas e colocadas em prática, onde, independentemente de haverem opiniões divergentes, o importante é o clube, o seu futuro, a sua continuidade, pois é um bem comum para todos nós, e precisamos urgentemente de dinheiro. Precisamos de ajuda. Não queremos ir à Banca, não haverá SAD, nesta altura, só, no mínimo, na II Liga. Pensamos que este será um bom investimento, o crowdfunding. É um plano ambicioso, vai ser difícil, mas acredito que vai ser possível com a ajuda e união de todos. “. Disse o director do clube serrano.
Durante o período de debate, os sócios mostram-se preocupados com o futuro do Sporting da Covilhã e surpreendidos com um “plano que não é nada”, que “não faz sentido nenhum”, que é “uma mão cheia de nada” e que apenas pretende “vender ilusões”. Afirmaram, ainda, que “o plano devia ser revisto”, uma vez que revela “falta de preparação e conhecimento”. Em traços gerais, foi o que afirmaram alguns desses associados.
Pedro Silva, por exemplo referiu que ” ao contrário daqueles que dizem que existem sócios toupeiras, eu sinto-me um sócio minhoca, que ajudo e apoio dentro do possível, sou pela positiva e julgo que este projecto, assim, não vai lá. Não acredito neste crowdfunding, pois, até a nível nacional e internacional, as verbas angariadas não chegam aos 100 mil euros. Não é uma boa ideia e deve ser melhor pensada e tentar encontrar outra solução financeira, pois se o clube não receber essa verba esperava, terá de repor o dinheiro recebido a quem investiu. É disto que se trata, o crowdfunding”. Disse o associado.
Paulo Ribeiro, acrescentou que “este estudo é fraco, não acredito que vá ter sucesso, esperava mais e melhor da direção e afirmo, caso a direção conseguia arrecadar os 350 mil euros, será um caso de estudo, a nível internacional e eu, darei outros 350 mil, para ajudar. O clube vive momentos muito difíceis em termos financeiros, e o saldo no final da época deverá ser negativo em cerca de 300 mil euros, tal como aconteceu na época passada”.
Óscar Feliciano, caso estas propostas não sejam votadas favoravelmente, “o presidente deveria em janeiro pedir a sua demissão de vez. O clube merece um líder com capacidade de unir, responsável, e que não engane os sócios, aqueles que votaram em si, ou não. O trabalho que está a ser feito, é vergonhoso”.
Marco Gabriel e Paulo Rosa, abordaram outros temas, como o actual momento da equipa de futebol sénior, das três demissões conhecidas na direção (Fausto Batista, Pedro Saraiva e Afonso Mendes), para além do pedido de demissão do presidente, que não se consumou e os dois casos administrativos, em duas temperadas seguidas, que prejudicaram o clube em termos desportivos, na qual, “as pessoas que fizeram esses erros devem ser penalizados e responsabilizados, incluindo a abertura de processos disciplinares e nada foi feito”, afirmou, por exemplo, Marco Gabriel.
O ex-candidato a presidente, às eleições no clube, falou em três crises financeira, desportiva e directiva.
“É importante que a direção de Marco Pêba, não deixe cair o clube no Campeonato de Portugal, nem, tão pouco, num buraco financeiro, que depois será muito difícil em sair dele, pode ser, de facto, irreversível, para além de que, nós estamos aqui, porque gostamos do SCC, não estamos aqui contra ninguém. Queremos ajudar, agora é preciso que do lado de lá, entendam isso e não vejam fantasmas, onde não os há e deixar de errar e dar tiros no próprio pé”. Disse Paulo Rosa.
Estes foram, os testemunhos mais ouvidos, ditos ontem à noite, na assembleia geral extraordinária dos leões da serra.
Ainda no decorrer da reunião magna de sócios, o presidente da Mesa da Assembleia Geral, informou os sócios que o clube vai contactar o Município da Covilhã, no sentido de pedir autorização para passar a realizar as assembleias gerais do clube, aos sábados a partir das 14h30, no Auditório Municipal, de modo a que tenham “a presença do maior número de associados possível, residentes, trabalhadores, ou não, na cidade e concelho da Covilhã”.
Para além disso, acrescentou Francisco Moreira, “as assembleias vão passar a ter, em definitivo, um período antes da ordem do dia, com duração de 30 minutos, para que todos os associados se possam exprimir e de abordar os assuntos de interesse, sobre a vida do clube”.
Estas informações dadas, vão agora, ser transformadas em propostas e apresentadas, para posterior votação, na próxima reunião magna de sócios, no decorrer da segunda quinzena de janeiro de 2025.
Em termos desportivos, o Sp. Covilhã realizou esta manhã, no Vale do Romeiro (Estádio Municipal de Castelo Branco), um jogo treino frente ao Benfica e Castelo Branco de Dani Matos (CdP).
A equipa de Francisco Chaló (Liga 3), venceu por 1-0, com golo de Luís Oliveira.
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