A Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza, apela a uma intervenção política urgente na Lardosa, denunciando o uso excessivo de fitofármacos e outros impactos ambientais que, segundo a associação, comprometem a saúde pública e a produção agrícola local.
A situação foi identificada em novembro do ano passado, quando a Quercus recolheu informações sobre uma queixa relativa a um pomar próximo das habitações no Vale Merendeiro. Em dezembro, a associação ambientalista compareceu à Assembleia de Freguesia da Lardosa e, posteriormente, à Assembleia Municipal de Castelo Branco, onde pediu uma intervenção política célere para garantir o “direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado”, conforme previsto na Constituição.
A Quercus cita moradores que se queixam de pulverizações frequentes de produtos fitofarmacêuticos, inclusive aos fins de semana e em dias de vento, alegando que “estes produtos lhes entram em casa, não podendo assim evitar a sua inalação”. Além disso, referem que os resíduos das pulverizações se acumulam em equipamentos de espaços públicos, como parques infantis, carros estacionados e passeios. A associação menciona ainda reclamações sobre o ruído dos canhões anti-granizo, utilizados continuamente entre abril e maio, e sobre “cheiros nauseabundos exalados pelo estrume e pelas lamas provenientes de ETAR”.
Segundo o comunicado da Quercus, algumas queixas foram apresentadas à GNR/SEPNA e à Junta de Freguesia, tendo sido feito um alerta ao proprietário do pomar, mas sem que se verificassem mudanças. A organização ambientalista dá também conta de relatos de moradores sobre impactos na saúde, citando um atestado médico que refere “ansiedade extrema, subida dos valores da tensão arterial e instabilidade do ponto de vista psíquico”.
Para a Quercus, este é um “problema eminentemente político” e, por isso, propõe que a Assembleia Municipal notifique as entidades competentes para “conter o aumento das áreas de agricultura intensiva”, em conformidade com os planos de adaptação às alterações climáticas, que priorizam a agricultura biológica. Defende ainda a criação de um grupo de trabalho para diagnosticar a situação e garantir “o cabal cumprimento da lei”, com apresentação de uma proposta de ação concreta na próxima Assembleia Municipal, em abril.
Em comunicado, a associação ambientalista alerta também para o risco da maior produtora de feijão frade da freguesia cessar a atividade “se nada for feito”.