O presidente da Câmara Municipal (CM) do Fundão confirmou sexta-feira em Assembleia Municipal, que o apagão elétrico do passado dia 28 de abril poderá ter estado na origem das alterações detetadas na qualidade da água do concelho nos últimos dias. Embora as análises realizadas até agora tenham dado negativo para contaminações bacteriológicas, ainda falta um resultado laboratorial que só deverá ser conhecido esta semana.
A situação tem motivado críticas de vários partidos, nomeadamente da CDU e do PS, que já tinham exigido explicações por comunicado e, no caso dos socialistas, voltaram a fazê-lo esta sexta-feira na Assembleia Municipal. “Não posso deixar de solicitar ao senhor presidente da Câmara que, de forma cabal, o que é que aconteceu nesses dias? Que medidas foram tomadas? Que medidas virão a ser tomadas?”, questionou o eleito José Pina.
Em resposta, Paulo Fernandes diz que na origem do problema, tudo aponta para que tenha sido um arrastamento de partículas do fundo dos depósitos, provocado pelo apagão do passado dia 28 de abril.
“Com o apagão, houve alguma diminuição de pressão nos depósitos em alta, sobretudo nos fornecimentos à cidade – o novo e o mais antigo. Até uma redução que possa ter sido provocada por algum pico de consumo logo depois do apagão, o que fez com que essas alterações de pressão tão súbitas possam ter promovido algum arrastamento nas partes mais baixas dos depósitos, em termos daquilo que são algumas partículas que ficam sempre mais na parte fundeira desses mesmos sistemas de armazenamento, essenciais para a distribuição”, explicou o autarca, sublinhando que recebeu relatos de coloração e aspeto oleoso da água em várias zonas do concelho, sobretudo nos corredores Chãos – Donas e Valverde-Carvalhal.
Paulo Fernandes acrescenta que “também se pensa que possa ter havido uma mudança de pressão também a partir do momento em que veio a luz” provocando “arrastamento de algumas coisas nas canalizações”, especialmente nos cruzamentos.
Entretanto, o município acionou as três entidades principais – Aqualia, Águas do Tejo e Autoridade de Saúde – para reforçar as análises diárias, especialmente de teor bacteriológico, “em todos os pontos de conhecimento de situações anómalas”.
De acordo com Paulo Fernandes, “todas as análises bacteriológicas que foram feitas deram negativo”, sendo que ainda falta um resultado que, à partida, só será conhecido esta segunda (12) ou terça-feira (13).
No tema da qualidade da água Cristina Guedes, do Bloco de Esquerda, questionou “com que frequência são realizadas análises à água”, uma vez que “não sabemos os resultados” e “qual é a fiabilidade dos resultados, se eles são dados apenas pela própria empresa que está a tratar do assunto?”.
Paulo Fernandes sublinha que “há dados das análises das entidades reguladoras, das próprias entidades, e do município” que “podem ser partilhados” e, sugere, “se alguém assim o entender, também poderemos fazer chegar os dados das análises convencionais e das bacteriológicas”.
Sobre as questões de saúde pública em específico, o edil defende que a divulgação oficial dos resultados deveria ser da Autoridade de Saúde, e não só do município, admitindo, no entanto, que essa divulgação ainda não foi feita devido à ausência do resultado da última análise, que deverá ser conhecido nos próximos dias.