Conhecida como a “mãe dos pobres e desfavorecidos”, Georgete Oliveira de Sousa Corono, antiga moradora do Beco do Saco, foi homenageada esta terça-feira pela União de Freguesias Covilhã e Canhoso, que colocou uma placa em sua memória, no Largo da Infantaria. Uma homenagem a título póstumo, para reconhecer o altruísmo e a dedicação de Georgete Corono aos mais desfavorecidos.
Nasceu em terras nortenhas, nos Carvalhos, Vila Nova de Gaia, mas foi na Covilhã que se tornou referência. Georgete Corono viveu no Beco do Saco e criou cinco filhos. Mas foi mãe de muita gente.
“Muitas vezes me rebelei contra ela, porque via ela a dar aquilo que tinha e aquilo que não tinha. Até ajudou a formar pessoas, portanto a minha mãe era uma senhora… que os toxicodependentes, os pobres, pessoas desorientadas, tudo lá ia a bater à porta e ela tinha sempre, sempre, sempre, qualquer coisa para dar, sempre”, recorda um dos cinco filhos de Georgete, que considera esta uma homenagem “mais que merecida”.
João Corono admite que se recolhe “à vontade, centenas de testemunhos” da generosidade da mãe, como o de um antigo vizinho que não tinha casa de banho em casa e que foi acolhido por Georgete para poder tomar banho na sua casa sempre que precisasse. “Eram estas atitudes permanentes que ela tinha com toda a gente”, conta o filho, que quer fazer um “memorial” com todas estas histórias.
“Estou a recolhê-las, porque cada vez me aparece mais gente a comentar o que ela fazia e muitas vezes sem o nosso conhecimento sequer, nós não sabíamos, ela estava sempre com as mãos abertas”.
João Corono lamenta apenas que o tributo não tenha sido feito mais cedo. Depois de dois pedidos não acolhidos pelo município, a homenagem acabou por avançar agora pela mão da União de Freguesias da Covilhã e Canhoso (UFCC), que garante ser apenas o início de várias outras homenagens.
A filha Olga Corono tem em vista um projeto “para recuperar o património da mãe, já adquirido por ela”, existindo já “um estudo prévio para que seja feita mais uma homenagem, com este empreendimento turístico e social”, explica Carlos Martins, presidente daquela união, não querendo avançar muito mais o assunto.
Por outro lado, também no Largo da Infantaria, vai nascer um mural da autoria do artista covilhanense Pedro Leitão, “alusivo a Georgete Corono e a todas as senhoras que fizeram muito pelas pessoas em termos sociais”.
Visivelmente emocionado no discurso, Carlos Martins, destaca que “são pessoas como estas que precisam e merecem ser homenageadas”.
Georgete Corono faleceu em 2013, mas o seu legado humanista e solidário continua vivo.