Cerca de uma dezena de queijarias estão, a partir desta sexta-feira e até domingo, na 17ª Feira do Queijo da Soalheira, que este ano se realiza com um destaque: é de lá o “Melhor Queijo do Mundo”. Um dos motivos que valoriza ainda mais o certame e antecipa uma forte adesão ao longo do fim de semana.
“Muita animação, muito espetáculo, muito queijo”… é o que se pode esperar deste fim-de-semana na freguesia da Soalheira. Na terra de onde saiu o melhor do mundo, nos World Cheese Awards, marcam presença queijarias de vários pontos da região e do país.
Mas é pela Quinta do Pomar que começa a procura — a grande medalhada não podia faltar ao certame. “É a nossa terra, foi onde os meus bisavós começaram a fazer o queijo, onde os meus avós começaram a fazer o queijo, os meus pais agora e futuramente eu”, diz Hélder Alves.
O que distingue o melhor queijo do mundo dos outros é, segundo o sucessor, “o carinho com que é feito, a matéria-prima e, principalmente, também os cuidados que tem depois de ser feito e produzido”.
No início da feira, a Quinta do Pomar já tinha vendido algumas unidades. Hélder Alves revela que, depois da atribuição do prémio aumentar “um bocadinho” os preços: “é a lei da oferta e da procura, mas acabámos por escoar a mesma quantidade de queijos”.

Mas o prestígio não fica por aí, com outros queijos premiados também presentes, como os da Sabores da Soalheira: “Não temos o melhor do mundo, temos dois de ouro e um de bronze no mesmo concurso”, diz Paulo Carvalho, que explica que dois deles foram lançados recentemente e fabricados numa antiga cooperativa em Alcains, no concelho de Castelo Branco.
O queijeiro refere que “apesar de ter ser sido um vizinho” a ganhar o melhor queijo do mundo, considera que a distinção “vai chamar mais a atenção à Solheira e isso também é bom para a Solheira, para a sua economia local. É lógico que as pessoas vão todas procurar o melhor queijo do mundo. Mas se não houver aquele há outro da Solheira que aparece, todos ficam a ganhar”.
“Todos ganham” é também o parecer da Soalheiralves, que garante que o seu queijo já tem saída assegurada, independentemente da feira. “Graças a deus, o meu queijo sai muito bem, não estou à espera da feira”, diz São Alves, que fala do queijo de malha, do de mistura e o de ovelha.
De facto, a fileira do queijo representa um valor de cerca de 30 milhões de euros por ano na economia do concelho do Fundão – mais do que a cereja. Mas como uma tábua beirã não se faz só de queijo, os enchidos também têm lugar.
“Porque uma coisa completa a outra”, diz António Abrantes, presente desde a primeira edição, e que tem “certeza absoluta” que vai correr tudo bem, “como sempre”.
As expectativas estão altas para os comerciantes de produtos regionais, que se juntam às bancas de artesanato, gastronomia, e do movimento associativo local. Fosse maior o espaço, diz o presidente da Junta, e haveria mais participantes.
Hélder Salvado já antevê o sucesso do certame, depois da forte participação nas Jornadas de Raças Autóctones, que terminaram esta sexta-feira. Acredita que o selo de ‘Melhor Queijo do Mundo’ dará novo impulso à festa, ao turismo e à economia local.
“Com este nome, que agora está na boca de toda a gente, nós estamos com muita adesão e já ontem e hoje tivemos a Jornada das Raças Autóctonas com muita participação. Nós somos a entrada do concelho do Fundão, nós temos a Serra da Gardunha deste lado, que normalmente é só encarada do lado da Cova da Beira, mas é preciso também olhar para a Gardunha Sul. Estas freguesias todas aqui deste lado, que são muito especiais, têm produtos muito bons. As cerejas começam aqui, antes de haver do outro lado, os pêssegos e também algum vinho, na zona de Vale de Prazeres, e, sobretudo, aqui o queijo com estas pastagens, faz todo o sentido de que comecemos a olhar para isto de forma diferente”, apontou o autarca soalheirense.
A abertura da 17ª Feira do Queijo da Soalheira ficou ainda marcado por uma homenagem aos queijeiros e produtores do concelho, no Largo do Rossio, e a inauguração de uma escultura no jardim do Largo Dr. Francisco Rolão Preto, em tributo à soalheirense Maria José Canhoto Gaspar, mais conhecida por Alexandra, que abriu o palco do certame.
Mafalda Veiga é destaque este sábado. Até domingo, a festa oferece animação com grupos locais, atividades pedagógicas para os mais pequenos, experiências rurais, e ainda um encontro de grupos etnográficos.