Na Soalheira, a abertura da 17ª Feira do Queijo foi o mote para a inauguração de um mural de homenagem aos queijeiros locais. A cerimónia teve lugar na sexta-feira, no Largo do Rossio, na casa devoluta da família Alves e Marota. O objetivo passa por valorizar o saber-fazer tradicional que tornou o queijo da Soalheira uma referência nacional e internacional.
O tributo pretende reconhecer o contributo de gerações de famílias que moldaram, com trabalho e dedicação, a identidade local. O desafio foi lançado por um dos membros da família Alves, que depois do prémio de “Melhor Queijo do Mundo”, atribuído à queijaria Quinta do Pomar, era “quase uma vergonha não ter nada alusivo ao queijo, na Soalheira”.
Emanuel Alves realça que a vila era terra de sapateiros, “mas atualmente é conhecida pelo queijo”, daí o repto para criar um mural naquele portão que, “em termos de significado não podia ser noutro sítio”, para homenagear “não só os queijeiros da família Alves e Marota, mas todos os queijeiros que são e já o foram, todos os produtores de leite e toda a economia que gira à volta do queijo”.
Isto porque, tal como sublinha Emanuel Alves, quando alguém da terra vai de férias para o Algarve, Porto, Lisboa e, num estabelecimento, encontra a palavra “Soalheira” ou “Fundão”, “sentimos sempre aquele orgulho, independentemente de ser da queijaria do meu tio Quim, da queijaria do meu tio João ou da queijaria do Marco, ou do senhor Cravo”.
O mural — que retrata, a preto e branco, duas mãos a erguer um queijo – está pintado no portão da casa devoluta da família Alves e Marota, local simbólico e reivindicado pela Junta de Freguesia para albergar a futura sede da Associação de Queijeiros da Soalheira, bem como um centro interpretativo da atividade.
Paulo Fernandes, presidente da Câmara Municipal do Fundão, revela que estão a preparar uma candidatura para requalificar o imóvel através de uma nova medida “ligada à valorização do património natural e os produtos de origem”.
À RCB, o edil confirmou que o aviso já se encontra aberto e que o município se vai candidatar “nas próximas duas/três semanas”, sendo que o objetivo é que a candidatura seja aprovada ainda neste mandato, de foram a ter “condições futuras para se poder lançar os respetivos concursos e culminar projetos”.
O presidente da Junta de Freguesia da Soalheira, recorda que aquele local foi onde, na primeira geração, as queijarias comercializavam o queijo. “Compravam nas quintas, porque aqui sempre houve rebanhos, mas depois os queijos eram comprados pelos donos destas casas nos anos 40, 50, e depois vinham aqui para se curados e para ser transformados e para ser vendidos, por isso aqui começou alguma coisa do que é hoje o nome da Soalheira, sempre associado ao queijo”.
A iniciativa acontece num ano em que a freguesia recebeu o selo de “Melhor Queijo do Mundo”, prémio atribuído à Queijaria do Pomar, confirmando a excelência e o saber acumulado ao longo de gerações.