Depois de mais de 30 anos de docência, José Carlos Venâncio proferiu esta terça-feira a sua “Última Aula”, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da UBI. “Um momento simbólico”, diz o docente que sentiu necessidade de o fazer.
O professor catedrático, aposentado em 2021, escolheu Marx e as suas teorias para lecionar a “Última Aula”. Podia ter optado pelos vários temas que investiga, assente na sociedade, literatura e arte africana, “ou mesmo temas que os colegas têm escolhido, como a contemporaneidade”, mas preferiu “pegar em max, que é um autor contemporâneo e ainda discutido todos os dias na esfera pública”, admite José Carlos Venâncio à RCB.
O investigador mostrou, na sessão simbólica, o que retirou da obra de Karl Marx, “uma obra muito complexa e por vezes até confusa”, para o seu trabalho científico, e o que dele entende ser “ainda bastante atual”.
A última aula proferida por José Carlos Venâncio decorreu no auditório da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UBI, que recebeu alunos, professores e amigos de longa data para assistir a um “momento simbólico” que o docente “sentia necessidade de fazer”.
“Estive 32 anos nesta Universidade, acompanhei e, dentro das minhas possibilidades, contribui para o seu desenvolvimento e então tinha que encerrar tudo isto com este ato, que é mais simbólico que outra coisa”, afirma o catedrático aposentado que garante continuar a investigar.
José Carlos Venâncio foi docente da UBI entre 1989 e 2021. Nas palavras do reitor da UBI, Mário Raposo, um “humanista, um escritor, um cientista que faz a ponte entre Portugal e as suas ex-colónias na medida em que ele é angolano e também português e também na sua obra e naquilo que fez durante a sua vida”, para além de ter contribuido para “cimentar o departamento de sociologia da FCSH”.
O reitor aproveitou a abertura da sessão para falar ao auditório sobre a situação da UBI, nomeadamente no que se refere ao subfinanciamento. Sobre o mesmo assunto, José Carlos Venâncio diz que “é muito difícil vencer o provencialismo de Lisboa e por isso temos o financiamento que temos, mas são problemas com que nos debatemos desde o início e conseguimos chegar até aqui e há-de continuar”.
O professor e agora vice-presidente da Academia Internacional da Cultura Portuguesa, garante que vai continuar a investigar nas áreas da Sociologia da Cultura, Estudos Africanos e Sociologia da Literatura e da Arte.