Um sacerdote de Vila Nova de Foz Côa está a ser julgado sob a acusação de ter abusado sexualmente de um homem portador de deficiência, a quem, segundo o Ministério Público, terá ainda pedido que o filmasse enquanto se masturbava.
A vítima, hoje com 47 anos, vivia em 2016 numa condição de grande vulnerabilidade: desempregada, sem suporte familiar e sem uma habitação estável. Perante esta situação, o padre António Júlio Pinto terá assumido o papel de protetor, oferecendo-lhe casa, alimentação e acesso a bens básicos como televisão e internet, em troca de pequenos trabalhos agrícolas e de manutenção nas propriedades da paróquia.
Contudo, de acordo com a acusação, a relação de dependência transformou-se, cerca de dois anos mais tarde, numa situação de exploração sexual. Entre 2018 e 2022, o sacerdote terá solicitado que fossem feitas “brincadeiras” de carácter íntimo, envolvendo carícias e sexo oral, em diferentes locais: desde a sacristia e o salão paroquial até hotéis e a própria residência do arguido.
Num desses episódios, ocorrido em 2020, num hotel da Maia, o padre terá abordado a vítima enquanto esta via televisão, acariciando os seus órgãos genitais e pedindo-lhe que retribuísse os gestos. Nessa ocasião, terá ainda exigido que o momento fosse gravado.
Em tribunal, o sacerdote confessou estar “apaixonado” pela vítima, garantindo que acreditava numa relação correspondida. A revelação causou revolta na comunidade, embora persistam vozes que lhe manifestam apoio. Apesar do processo em curso, o padre continua a celebrar missas nas freguesias de Numão e Horta do Douro.
O Ministério Público acusa-o formalmente de um crime de abuso sexual de pessoa incapaz de resistência.
De: Fernando Teixeira (RCB)