Apesar de ter sido dirigido para o concelho da Covilhã, o estudo que a Associação realizou sobre o fornecimento das cantinas públicas pela agricultura local, há uma medida que todos os municípios da região podem adotar, como forma de apoiar os pequenos produtores, “fazendo com que nos cadernos de encargo coloquem como condição essencial a produção ser local”.
Para Aníbal Cabral, “não faz sentido que os autarcas digam que apoiam os produtores locais e depois andarem a comprar produtos de outras origens.”
Outra das medidas que está nas mãos dos autarcas é a valorização dos mercados e praças tradicionais que devem ser “espaços nobres da cidade”. Considerando que, na região, a agricultura é sobretudo de minifúndio, “não é fácil os agricultores conseguirem colocar os seus produtos nas grandes superfícies comerciais, então, temos de ter um espaço onde os produtores possam ter os seus produtos e comercializá-los a preços compensatórios.” Defende o dirigente da ADACB.
Uma valorização que pode ser feita, “reduzindo taxas”, mas também, pelo conforto, dotando os espaços de “uma rede de frio capaz de aguentar os produtos durante algum tempo”. O acesso a estacionamento na proximidade, é outra condição essencial, “porque nos hipermercados, a grande vantagem é que a pessoa estaciona lá dentro e não anda com os produtos nos braços, e estes mercados tradicionais têm de se modernizar, nesta perspetiva, e aí tem de haver grandes investimentos.”
O repto foi feito por Aníbal Cabral, em entrevista ao programa “Flagrante Direto” da RCB, diretamente aos municípios mas, na opinião do dirigente da ADACB, o Governo também pode contribuir, “há tantos programas públicos, podia haver um programa público para apoiar os municípios a modernizarem as praças e mercados tradicionais.”
José Aníbal recorda que também para o turismo, a nível gastronómico, é importante defender os pequenos agricultores e produtores, “não há desenvolvimento do turismo na nossa região se não houver produtos agrícolas diferenciados, se a culinária não for com produtos regionais”, sob pena de acabarem alguns dos produtos que diferenciam a região, “nós temos um conjunto de produtos que podem estar em risco de desaparecer, nomeadamente, o queijo da Serra, o cabrito, os maranhos, o bucho, todos esses produtos podem desaparecer se desaparecerem os pequenos agricultores.”