Integrada na cerimónia de entrega de placas e diplomas de certificação como entidades formadoras na AFCB/FPF, 2023-24, participaram na iniciativa, Dário Gaspar (treinador na ACD Ladoeiro), Pedro Malta (treinador de futebol), Sérgio Mendes (observador futsal AFCB/FPF e dirigente da APAF) e Paulo Ricardo Pinheiro (médico no Sporting Clube de Portugal).
No evento que decorreu na passada segunda-feira, 16 de dezembro, no auditório do Centro de Cultura Contemporânea em Castelo Branco e posteriormente em declarações à RCB, o técnico fundanense de futsal no Ladoeiro, referiu que ” quando as crianças sonham, têm que sonhar, têm que lutar, têm que persistir, têm que trabalhar e saber ultrapassar obstáculos, até porque, para se chegar a determinados patamares, só as pessoas resilientes é que conseguem alcançar o sucesso. No nosso caso, na região, nada é dado de mão beijada e temos de tentar encontrar o melhor perfil de atleta, tal como os clubes, estão a ficar mais preocupados em procurar treinadores mais qualificados, para trabalhar melhor com os atletas, dia a dia e tentar errar o menos possível, para os jovens poderem ganhar. Na nossa região, com poucos recursos humanos e é pequena e escassa, acho que, o espírito de entreajuda entre os vários clubes, possa ser importante, na perspectiva de lançar os jovens jogadores e junta-los, para conseguir ter mais qualidade em determinados campeonatos e aí, quem ganhava, seria sempre o atleta, até porque ainda nos falta alguma competitividade, para crescerem e evoluírem. Saber ouvir é muito importante”. Disse Dário Gaspar.
Para Paulo Ricardo Pinheiro, o acompanhamento médico por parte dos clubes e atletas, é muito importante.
“Sim. Temos duas dimensões. Uma, tem a ver com a saúde em geral dos atletas, onde muitas vezes, os clubes são o único ponto de contacto que os jovens têm com um profissional de saúde, através do clube, como sendo uma porta de entrada, até no SNS e depois existe a componente mais obvia, que tem a ver com as lesões e com o acompanhamento de lesões e aí, é fundamental haver um bom tratamento, primeiro, para evitar que no futuro haja problemas derivados dessas lesões, enquanto eram jovens e segundo, para ficarem completamente assintomáticos e fazerem uma boa recuperação à luz daquilo que a melhor ciência lhes providencia”. Afirmou à RCB.
Relativamente à Certificação dos Clubes como Entidades Formadoras, o médico Paulo Pinheiro acrescenta que “nem tudo reside na quantidade, nem na distância, nem nos recursos e equipamentos clínicos disponíveis por clube. Se olharmos para o critério 5 da certificação, são implementados um conjunto de regras, que vão, desde da existência de profissionais de saúde, até planos de emergência bem estruturados, até condições para fazer fisioterapia, em termos de recursos humanos, mas também, recursos materiais, quanto se pensa ao nível formativo na área da saúde, tudo isso, é relativamente barato e é só necessário pensar nisso, estruturar e depois executar. Portanto, apesar da grande diferença que existe entre clubes com maior ou menor disponibilidade financeira e de recursos, independentemente da zona geográfica de cada um, a verdade é que, esse hiato. não pode ser directamente proporcional, á própria execução daquilo que é estrutural e que é, é deve ser basal para todos os clubes”. Afirma.
O jovem médico covilhanense (medicina desportiva), aborda, por último com a RCB, a questão da falta de rigor, que por vezes existe, nos exames médicos que são feitos aos atletas, no início das épocas desportivas.
“Quanto a isso, temos que claramente de melhorar. Uma das perguntas que me têm feito é esta. Se esses problemas cardiovasculares e outros acontecem em clubes grandes e têm muitos meios e existe um grande acompanhamento, como é que nós, vamos conseguir evitar?. A verdade é que, há muitas situações que não são evitáveis e que se prendem com situações concretas da saúde do atleta e que pode acontecer em todo o lado, a qualquer momento, na qual, temos de ter profissionais de saúde no nosso clube, tal quanto acontece uma paragem cardiovascular, uma fratura e/ou contusão, nós temos que ter profissionais capazes de orientar o problema e de salvar vidas e por outro, tem a ver com a prevenção. A prevenção faz-se nos exames médicos ou desportivos e aí, temos um caminho muito longo a percorrer. Há muitos erros que são cometidos, pela qualidade ou não do exame realizado, em apostas em profissionais que não são os indicados para fazerem esses exames e que, por conseguinte acabam por ver os atletas de forma muito superficial e não conseguem detectar aquilo que é essencial. Depois, o próprio exame médico ou desportivo, não é só, um eletrocardiograma e não é só perguntar ao atleta se está tudo bem. Há outras componentes do atleta que têm de ser obrigatoriamente vistos, num exame desta natureza e não podemos ter exames médicos a durarem apenas dois ou três minutos. O colégio da especialidade, advoga no mínimo, 20 a 30 minutos e dada toda a atenção ao atleta. E aí, os clubes têm de fazer uma aposta, que é, perceber quem têm à frente, se o profissional é credenciado para realizar esses exame médico ou desportivo e dentro dos seus recursos têm que, de alguma forma, dar um pouco mais àquilo que é a saúde do próprio clube, porque isso, vai ter grande retorno, uma vez que, até existem estudos que mostram, é relativamente fácil de provar, que os clubes mais vencedores, também são aqueles que têm menos lesões, têm menos tempo para reabilitar os atletas e, há de facto, uma relação entre a saúde e o próprio rendimento desportivo e portanto, os clubes têm de começar a olhar para isto tudo, de uma outra maneira”. Conclui Paulo Ricardo Pinheiro, médico desportivo no Sporting CP.
No que diz respeito, à entrega das placas e diplomas aos 27 clubes filiados na AF Castelo Branco, respeitantes à certificação de entidades formadoras, FPF/AFCB, época 2023-24, estiveram presentes, Manuel Candeias (presidente da AFCB), Leopoldo Rodrigues (edil Município de Castelo Branco), António Fernandes (presidente do IPCB) e José Couceiro (vice-presidente da FP Futebol e Director Técnico Nacional).
O dirigente federativo referiu à RCB que “é muito importante haver estas certificações. A importância é enorme. Nós, já há sete anos atrás, a grande maioria dos clubes não tinha um documento orientador. Hoje, passados sete anos, temos, esta época 2024-25, mil quatrocentas e setenta e cinco candidaturas ao processo de certificação. Eu acho que isto é significativo, para se perceber a evolução e a melhoria de todo o processo. E o que nós queremos, é exactamente isso. Que o processo ajude os clubes a terem uma oferta desportiva melhor, mais bem enquadrada e isso, é decisivo. Sei que os clubes têm feito um trabalho e esforço muito grande, porque em tão pouco tempo, termos crescido tanto. Deve-se muito, evidentemente a todos os serviços da federação, das associações distritais, obviamente que sim, mas muito aos clubes, porque têm feito um grande esforço para responder a esta exigência, que advém também da lei, mas que, o mais importante, não é o que advém da lei, mas o mais importante, é criar condições para os clubes terem uma resposta mais eficaz, de maior qualidade em todo este processo e portanto, isso só vai beneficiar os utentes, que são os nossos jovens”. Disse José Couceiro.