A livraria “Alma Azul”, sediada em Alcains, anuncia em comunicado que decidiu cortar as relações com a câmara de Castelo Branco. Em causa estão duas situações que a editora considera graves, acusando o município de falta de respostas perante várias questões que lhe foram colocadas.
A primeira situação ocorreu em Dezembro de 2022, quando foi entregue uma carta na assembleia de freguesia de Alcains onde era solicitado o aluguer de um espaço no mercado naquela vila, dedicado ao desenvolvimento do projecto “Em nome da Beira”, com produtos regionais e culturais e que se pretendia apresentar em 2024, ano em que a “Alma Azul” completa 25 anos de trabalho.
Neste comunicado, a editora refere que “apesar de várias tentativas através da junta de freguesia de Alcains que sempre nos deu uma resposta evasiva e atribui a responsabilidade ao município de Castelo Branco, entidade responsável pelo espaço, que não deu qualquer resposta até final do ano passado”.
A segunda situação diz respeito a uma sessão de produção literária que a “Alma Azul” pretendia realizar no próximo dia seis de Janeiro, na cafetaria do museu do Canteiro. O apoio solicitado “seria apenas a aquisição de alguns livros da colecção «o navio de espelhos» de homenagem a Mário Cesariny com texto de Eugénio de Andrade. De acordo com a editora, o pedido foi formulado no dia 27 de Novembro “e não obteve qualquer resposta”, pelo que essa sessão “acabou por ser cancelada”.
Face a esta situação, a “Alma Azul” decidiu “excluir o município de Castelo Branco do programa do 25º aniversário, que vai continuar a ser dinamizado noutros concelhos”, afirmando que, devido ao investimento já efectuado no projecto “Em Nome da Beira” continua interessada “em alugar uma loja no mercado de Alcains”.
A editora afirma que “no ano em que se comemoram os 50 Anos da revolução de Abril, ter que prestar este tipo de esclarecimento público, envergonha qualquer democracia que se preze. O poder autárquico é o mais próximo das dinâmicas socioeconómicas e culturais de um país. Não funcionarem de modo a receberem com entusiasmo e apoiarem as contribuições das micro e pequenas empresas; revela bem a alienação que o poder autárquico mostra para com os problemas dos seus concidadãos, especialmente com os mais pró-activos, o que empobrece o território”.