Até ao próximo mês de abril, a Associação de Produtores de Azeite da Beira Interior (APBI) vai promover um conjunto de ações de sensibilização dos produtores de azeitona galega, para aderirem ao projeto de certificação desta azeitona para conserva. As ações vão decorrer nos concelhos do distrito de Castelo Branco e Mação, o território de Indicação Geográfica Protegida da azeitona galega.
O processo de certificação, promovido pela APABI, demorou sete anos e ficou concluído em 2023. Neste momento está em curso um projeto piloto de valorização da azeitona galega que mobilizou, no primeiro ano, cerca de 600 olivicultores, numa adesão voluntária, “fizemos um acordo com uma grande superfície, em projeto piloto, e a adesão é importante na perspetiva de que é preciso mais azeitona, ou seja, se quisermos alinhar para outro tipo de mercados temos de ter mais matéria prima.” Refere, em entrevista à RCB, o presidente da direção da APABI.
Sensibilizar os olivicultores a aderir ao projeto é o objetivo das sessões, para isso, além de pertencer ao território de Indicação Geográfica Protegida, é preciso “produzir boa azeitona e ter um ponto de encontro de entrega desta azeitona. A nossa expetativa não é virar tudo para a azeitona galega, a nossa expetativa é usar o velho ditado não ponhas todos os ovos no mesmo cesto.”
O primeiro ano do projeto piloto já permitiu concluir que “aquilo que o agricultor recebe pela conserva, compensa, claramente, o trabalho e gasto adicional que tem no campo, porque, obviamente, tem de fazer tratamentos, ter mais cuidado na colheita, do que aquilo que vai para azeite.” O valor estimado, segundo João Pereira, é de 30 a 40% a mais do valor que é pago por uma azeitona que vai para o lagar de azeite.
O objetivo do projeto é “ganhar escala, ter bastantes aderentes, mas ter uma presença única no mercado para garantir que temos capacidade de produção e fornecimento.” No futuro, nos próximos dois, três anos, a ideia é “criar uma unidade conjunta, quer de tratamento quer de embalamento, mas sobretudo comercial.”
Este projeto é encarado pela APABI como uma resposta ao abandono dos olivais de azeitona galega. Segundo João Pereira mais de 50% dos olivais da Beira Baixa estão ao abandono, “este é um momento em que temos de nos inquietar”.
Do caderno de encargos da APABI faz parte uma ideia que, não sendo onerosa, iria acelerar este projeto “precisávamos de um estímulo, um programa de três anos, em que nós premiássemos quem certificasse a azeitona”.
Criada há 25 anos, a APABI, que abrange os territórios da Beira Interior e Mação, representa 60 lagares de azeite e mais de 10 mil olivicultores que são responsáveis por mais de 60% da produção de azeite no território.