O avanço do contrato de exploração de lítio na serra da Argemela, que abrange os concelhos do Fundão e Covilhã, é exemplo de uma maioria absoluta que sobrepõe os interesses de grandes negócios aos da população. Ideia deixada por Mariana Mortágua este domingo, 7 de janeiro, em visita à freguesia do Barco, onde assumiu o compromisso de travar este processo.
A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda juntou-se a mais de 60 habitantes da aldeia do Barco para ouvir as preocupações da população, autarcas e representantes do Grupo pela Preservação da Serra da Argemela (GPSA) que fala de “atropelos procedimentais” e outros “direitos fundamentais preteridos”, sobretudo o da “saúde e da vida”, ao “pensar, sequer, em autorizar uma concessão de exploração mineira tão perto das populações”.
Durante a visita, o GPSA explicou que a exploração mineira naquela região ainda está à espera da avaliação de impacto ambiental, processo que “nem vale a pena realizar para reconhecer que ali não é possível” abrir uma mina a céu aberto.
Para Mariana Mortágua “existem todas as razões para travar este projeto”. Para além dos impactos na biodiversidade e na saúde pública, a coordenadora do Bloco aponta que “ao longo do tempo, o governo foi dando a volta a todas as regulamentações e todas as leis para passar ao lado das exigências para conseguir entregar um projeto de exploração a uma única empresa”, sendo que “nem existe garantia que exista lítio ou outros materiais valiosos nesta região”.
“Temos uma mineração que ultrapassou a vontade da população, que ultrapassou porventura a lei e que favoreceu uma empresa em concreto”, refere a dirigente partidária, candidata às legislativas do próximo dia 10 de março, que vê neste processo um exemplo da governação de maioria absoluta e do “pior que o país tem”.
“Uma das áreas em que é preciso romper com a atuação da maioria absoluta é esta, são os grandes negócios a favor de empresas específicas. E um dos exemplos é este, a perfuração à procura de lítio contra os interesses das populações, que é um ataque ambiental. Romper com os erros, com o passado da maioria absoluta, é tomar decisões sobre o futuro e assumir compromissos sobre medidas para o futuro, e o compromisso tem que ser respeitar a população e travar esta mina de lítio que é um ataque ambiental, à saúde pública e a estas populações”, reitera Mariana Mortágua, deixando o repto aos outros partidos.
“Acho que era importante que os outros partidos também se pronunciassem, porque não chega só criticar a forma como a economia é feita, criticar os grandes negócios em benefícios de algumas empresas, criticar a economia de favorecimentos e de privilégios e de portas giratórias. É preciso dar a cara e ter a coragem de tomar decisões, e a única decisão justa e certa a tomar é travar a perfuração de uma mina a céu aberto, na serra da Argemela”.
Na visita à aldeia do Barco, que contou com a candidata pelo círculo eleitoral de Castelo Branco, a coordenadora nacional do Bloco também ouviu o autarca da união de freguesias apelar se, caso as eleições de março ditem outra geringonça, o partido mantenha o compromisso em relação a este dossiê.