Implementado pela associação Beira Serra ao longo dos últimos dois anos, o projeto CIVITAS culmina agora num jogo de tabuleiro sobre a Constituição da República Portuguesa criado por, e para crianças. “Constituição, o Jogo” fica disponível a partir de janeiro de 2024, e o próximo objetivo é distribuí-lo por todos os concelhos do país.
O jogo de tabuleiro que tem como objetivo reforçar a literacia democrática e a participação cívica é o principal resultado do projeto implementado pela Beira Serra entre setembro de 2021 e dezembro deste ano, nos agrupamentos de escolas de Belmonte, Covilhã e Fundão.
O CIVITAS “envolveu mais de 400 crianças em todas as atividades do projeto, levando os miúdos às Assembleias Municipais, realizando eleições simuladas nas escolas, cartazes, campanhas”, explicou à comunicação social esta quarta-feira, depois da apresentação dos resultados, Marco Gabriel, gestor do projeto que “tem como produto físico, visível e final, um jogo lúdico de tabuleiro sobre a Constituição da República Portuguesa”.
Trata-se de um jogo tradicional de tabuleiro ilustrado pela “Triciclo”, com início, fim, regras de avanço e recuo, mas cuja narrativa “é contada à volta da constituição da república, com várias personagens que ao longo do percurso vão estar em casas especiais onde tratamos a liberdade de imprensa, o ambiente, o direito à educação, à cultura, à saúde e ao emprego, as eleições livres, os partidos políticos, a migração, tudo aquilo que a constituição nos diz sobre o nosso dia-a-dia”, aponta o gestor.
Um jogo feito para crianças a partir dos 8 anos e, como tal, concebido por elas próprias, já que o produto final é o resultado de “10 jogos iniciais” onde, através de uma “caixa mediadora”, atividades de discussão e reflexão, os alunos ditaram as regras a partir da sua própria visão da cidadania.
Um objetivo “do ponto de vista da metodologia ao criar a caixa mediadora”, destacou o consultor científico do projeto e docente do IPCB, outra entidade parceira.
“Queríamos que o jogo fizesse ver a quem o joga que estamos a falar da vida, da nossa vida do dia a dia, e é nessa vida que se constrói a participação. Obviamente depois temos que ter um regulamento que nos diz como é que a nossa vida na sociedade se constrói e percebemos de facto que as ideias iniciais tinham contribuído para as aprendizagens das crianças”, apresentou António Pais.
“Constituição, o Jogo” é lançado oficialmente no dia 20 de dezembro, na Assembleia da República cuja parceria “vem colocar o selo de garantia e qualidade do produto”, confirma o gestor do projeto. Depois de lançado, o jogo fica disponível na livraria física e online da AR.
No seminário “Democracia para Crianças” onde foram apresentados estes resultados, o presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira, elogiou a iniciativa e disse mesmo que “é preciso incutir nos jovens estes nobres elementos identitários que são o garante absoluto dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. Insistir quais são os nossos direitos e deveres não é demais e tem que ser desde cedo que devemos incutir nos jovens o aprender, o apreender destas questões”, assim “a nossa sociedade será, a todos os títulos, muito melhor”.
Terminado o período de implementação do projeto que deu aso à gamificação da Constituição Portuguesa, Marco Gabriel espera que este seja “o fim de uma etapa, mas o início de outra”.
“Nós queremos fazer novas edições do jogo, posteriormente vendê-lo para quem pode comprá-lo para o colocar disponível para as crianças. A nossa aposta vai ser nos 308 municípios do país para que cada um possa adquirir os jogos para disponibilizar às suas escolas, às suas turmas, para dar um contributo para a defesa da constituição e para ter cidadãos mais ativos, mais capazes”.
É esse o objetivo do projeto CIVITAS, que envolveu sete agrupamentos, 12 professores, e a Confederação Nacional das Associações de Pais. Para a associação Beira Serra “sem estas instituições não era possível atingir os resultados” pretendidos, motivo pelo qual receberam um diploma de reconhecimento esta quarta-feira, no seminário “Democracia para Crianças”.