O presidente da Câmara da Covilhã revelou esta segunda-feira que o município gasta 1,8 milhões de euros em matéria de transportes públicos. Vítor Pereira, que falava durante a conferência “Mobilidade no Espaço Público Partilhado”, diz que é um valor incomportável e pede ao governo políticas mais “ambiciosas”, até para garantir uma justiça e equidade no acesso a este tipo de serviços públicos, que atualmente não existe.
Foi na conferência desta segunda-feira, dedicada à mobilidade, que o presidente da Covilhã revelou, sem olhar à qualidade do serviço, o “custo real” que o município tem com transportes: um milhão e 800 mil euros.
Um valor que, para Vítor Pereira, é “quase incomportável”, que “tira capacidade de ação a outras áreas” e que a autarquia “não pode continuar a suportar” sozinha.
Uma despesa que não impede que os munícipes da Covilhã continuem a pagar mais por um passe mensal do que os da área metropolitana de Lisboa, onde o valor é de 40 euros por mês.
“Será justo que uma pessoa que percorra 80 km na grande área metropolitana pague 40 euros e uma pessoa no concelho da Covilhã, para fazer 40 km, tenha que pagar 120 euros? Será justo que uma família pague o máximo de 80 euros na grande lisboa, e que aqui, neste concelho, tenha que pagar 240€ ou mais? Podemos falar de equidade ou de coesão territorial, perante desigualdades tão flagrantes, tão gritantes e tão injustas?”, refletiu Vítor Pereira, na conferência de “Mobilidade no Espaço Público Partilhado”.
Uma das medidas recentes anunciadas pelo governo foi o novo valor e uma abrangência maior no passe ferroviário, por exemplo. Uma resolução que o autarca covilhanense felicita, mas que “de nada adianta se não tivermos comboios a circular, se não tivermos comboios que se adequem com a realidade e com a vida das pessoas, sem outros meios que permitam chegar ao comboio”.
“Temos que olhar para a questão de forma integrada. Temos de conseguir chegar ao Fundão, a Belmonte, à Guarda, a Castelo Branco, temos de ter meios para isso, sem que seja necessário recorrermos ao automóvel privado”, refere.
Vítor Pereira espera, por isso, que a reivindicação dos municípios de Covilhã e Fundão, de um metro de superfície que ligue os dois concelhos, mereça o mesmo compromisso do atual governo como o anterior. E pede, sobretudo, políticas ambiciosas que se adequem à realidade das pessoas.
“Não podemos ser só nós, as autarquias, a dar resposta às necessidades da mobilidade. Precisamos de políticas públicas mais ambiciosas nessa matéria, precisamos de apoio financeiro específico para que as nossas populações tenham transportes públicos, que tenham preços que se coadunem com um serviço público, ao contrário do que acontece atualmente. Precisamos de linhas de financiamento que se adequem e se compaginem com as nossas realidades”.
Isto porque para o edil, a mobilidade também é uma necessidade básica, capaz de fixar pessoas em territórios do interior, como é o da Covilhã.