No âmbito das comemorações do 276º aniversário do concelho do Fundão, data que se assinala no dia 9 de junho, o município homenageia cidadãos, um a título póstumo, e uma instituição do concelho. A RCB foi ouvir os distinguidos ou os seus representantes acerca do significado desta decisão da CMF.
O município entrega a medalha de mérito a Virgílio Catarino Dias, natural de Lavacolhos (Fundão). Ao terminar a escola primária, entrou num seminário dos Jesuítas, onde em nove anos, fez a sua formação escolar, com particular incidência no Português, Latim e Grego.
Ao deixar o seminário em novembro de 1957, logo em junho de 1958 fez o 5.º ano no Liceu de Castelo Branco e, em 1959, o 7.º ano – assim era a lei iníqua a que tinham de sujeitar-se os ex-alunos dos seminários, se queriam inserir-se na carreira académica.
Retido, assim, por dois anos sem poder entrar na Universidade, logo recorreu ao seu saber de Latim e Grego para dar explicações. E foram muitos os alunos que dele beneficiaram, não só os da cidade, mas também dos arredores, incluindo o Fundão.
Seguiram-se a Licenciatura em Filologia Clássica nas Faculdades de Letras das Universidades de Lisboa e Coimbra, o Curso de Ciências pedagógicas, o Estágio para a profissionalização no Liceu Nacional de Castelo Branco e, já muito depois, em 2004, o Mestrado, aqui, na vizinha UBI (Covilhã), sob orientação do Professor Malaca Casteleiro. Foi o primeiro aluno a quem a UBI concedeu o grau de Mestre em Língua, Cultura Portuguesa e Didática
De espírito irrequieto, e devido ao estado caótico em que caíra o ensino depois de 1974, terminado o estágio renunciou à possibilidade de efetivação no Liceu de Castelo Branco a favor dum Colega, e iniciou um novo percurso, agora no mundo empresarial. Foi diretor comercial duma empresa estrangeira em Famalicão, fundou, em sociedade, empresa própria em Braga, regressando depois a Castelo Branco, onde fundou a Inforbelo – que durante 25 anos introduziu a Informática em muitas pequenas empresas da região.
Terminado o Mestrado, decidiu tomar-se um novo objetivo: verter para português atual cada uma das 1108 estrofes d’Os Lusíadas. Era um trabalho que tinha de ser feito, mas que só o poderia fazer quem tivesse a liberdade de poder errar.
“Foi um trabalho apaixonante, imaginado par três anos, mas que se prolongou por mais de treze”, refere Virgílio Dias.
Oiça aqui as declarações do homenageado