Para além da recuperação do património, do apoio aos Bombeiros e às freguesias onde está situado o empreendimento, um dos protocolos visa a promoção do pastoreio na área do parque que ocupa 192 hectares.
“No projeto da pastorícia, nós vamos colocar os rebanhos dentro do perímetro do parque, mas a questão fundamental do impacto paisagístico é o corredor florestal, de cerca de 50 metros, que o plano de impacto ambiental obrigou e que nós fizemos questão que fosse ainda reforçado.”
Mas para o presidente da câmara do Fundão, a “pedra de toque” desta parceria está na criação de uma comunidade energética que traz uma inovação ao atual modelo, na medida em que prevê que as sobras da energia desta Central sejam aproveitadas pela comunidade à volta do parque.
“É um mercado que se cria dentro dessa comunidade e o cidadão e as empresas podem ter acesso à energia a metade do preço”.
Segundo Paulo Fernandes, além de Alcaria, Pêro Viseu e Valverde a comunidade energética pode chegar ainda à Fatela e à zona industrial do Fundão. O autarca aponta o prazo de meio ano para que esta comunidade piloto esteja em funcionamento.
“Com este acordo aceleramos todo o estudo jurídico financeiro, pedimos ao Estado que nos possa acompanhar em todo este processo e levá-lo-emos ao Governo para, não só validar, mas também perceber que alguma correção possa ser feita nas comunidades energéticas que permita que estes projetos possam lá colocar esses excedentes, porque atualmente não é possível.”
Um pedido feito pelo autarca à secretária de estado da energia. No final, confrontada pelos jornalistas com o repto deixado pelo presidente da camara do Fundão, Maria João Pereira admitiu critérios diferentes nos territórios de baixa densidade.
“Nós compreendemos que as comunidades de energias renováveis têm limitações no território, e nos territórios de baixa densidade são mais esparsos, por isso temos de ter aqui critérios um pouco diferentes para os territórios de baixa densidade, estamos a trabalhar nisso, em breve será anunciado o conjunto de medidas que vamos implementar brevemente.”
A governante elogiou o projeto hoje inaugurado, que vai gerar energia renovável equivalente ao consumo anual de 61.429 lares e contribuir para o objetivo de Portugal chegar aos 51% de produção de energia renovável até 2030.
“Toda a energia fica em Portugal, o nosso objetivo é, em 2030, ter 51% da energia bruta, com base em energia renovável, portanto toda esta energia que estamos a produzir tem de vir para o nosso país para fazermos a descarbonização.”
A Central Solar Fotovoltaica é a primeira, da empresa espanhola, em Portugal, e o início de um futuro sustentável que a “Dos Grados” aqui pretende construir, como referiu à comunicação social o CEO Luís Palacios.
“Pensamos que é uma área muito interessante, por tudo o que foi hoje comentado, uma zona de pouca densidade, com potencial para abrir exceção porque aqui temos recurso solar, mas também temos recurso eólico, uma área de rede, que também precisávamos de ter armazenamento, uma área que nos interessava, complicada por toda a orografia, mas será um desafio.”
A Central Solar Fotovoltaica, de 126,5 MW, vai ainda evitar anualmente a emissão de mais de 825 mil toneladas de CO2 na atmosfera, o equivalente à emissão produzida por 16.000 veículos de combustão.