A Escola Profissional do Fundão (EPF) está prestes a concluir o seu primeiro Centro Tecnológico Especializado, na área da Indústria. Trata-se de um investimento de dois milhões de euros, que representa o mais recente passo numa transformação mais profunda do ensino profissional naquela instituição, que se pretende mostrar cada vez mais à sociedade.
Com tecnologia de ponta e equipamentos que replicam o ambiente real das indústrias mais avançadas, a EPF quer mostrar aos jovens e às famílias que estudar num curso profissional pode ser uma escolha com futuro.
Foi precisamente com esse objetivo que a direção da escola promoveu uma visita dirigida à comunicação social. Luís Oliveira, diretor-geral, explicou que a iniciativa pretendeu “dar um bocadinho de visibilidade àquilo que está a ser feito na escola, o investimento que está a ser feito aqui no âmbito do PRR, nomeadamente dos CTE aprovados.” Acrescentou ainda que é fundamental “que pudesse ser dado a conhecer às famílias, mas sobretudo aos jovens que procuram agora a sua oferta formativa, aquilo que está aqui ao seu dispor e que podem apropriar-se destes bens que estão aqui em benefício daquilo que vai ser a sua formação”.
O responsável sublinhou também que as áreas formativas disponíveis respondem às necessidades do território, apresentando níveis elevados de empregabilidade e possibilidades de prosseguimento de estudos.
A instituição tem procurado dar-se a conhecer ao público jovem através de visitas de várias escolas de terceiro ciclo e da sua presença em diferentes plataformas, como aconteceu recentemente no Serra Shopping. No entanto, a EPF manifesta preocupação com a falta de orientação vocacional estruturada. Segundo Luís Oliveira, “cada vez mais há uma dificuldade grande ao nível da orientação vocacional”. Na sua perspetiva, as escolas não estão a conseguir orientar adequadamente os alunos e famílias sobre as opções disponíveis.
“A orientação não deve ser concentrada no último ano do terceiro ciclo”, alertou. Os alunos, pressionados por testes e exames, acabam por ter de decidir rapidamente, quando esse deveria ser um processo gradual, com visitas a empresas e a outras escolas, que lhes permitissem descobrir o que gostariam de fazer no futuro.
Atualmente, a EPF conta com 270 alunos, distribuídos por três cursos de educação e formação (CEF’s) e sete ofertas formativas profissionais. Estes cursos serão reforçados com os três Centros Tecnológicos Especializados que estão a ser criados. O primeiro, direcionado para a indústria, deverá estar totalmente operacional no final de junho, beneficiando já dois dos cursos com maior procura.
“Neste momento os cursos que estão [a beneficiar] diretamente são dois: técnico de manutenção industrial e o técnico de mecatrónica automóvel”, referiu Luís Oliveira, adiantando que a partir de setembro os equipamentos estarão disponíveis para outras áreas afins. “Arriscamo-nos a dizer que este investimento é depois partilhado nas restantes ofertas formativas, porque todos utilizam as restantes salas”, explicou.


No âmbito da candidatura, seis salas de aula foram equipadas com novas mesas, cadeiras, quadros interativos e outros recursos. Contudo, os elementos mais marcantes são os equipamentos modernos, raros na região, que preparam os jovens para o contexto real de trabalho. Um dos destaques é uma linha de automação com tecnologia semelhante à usada na AutoEuropa.
Luís Oliveira detalhou que esta linha contém “os componentes todos, desde a elevação, braço robótico, passadeira, bypass, os vários critérios de segurança”. Foi desenhada pela mesma empresa responsável pela linha de produção da AutoEuropa e, segundo o diretor, pretende-se que os alunos possam “fazer a situação ao nível da programação e depois passar para aqui, para testar as avarias”. Esta componente prática é, hoje em dia, essencial na preparação dos estudantes.


Outro destaque são as máquinas CNC, cuja importância nem sempre é evidente para quem está fora da área. “À maioria das pessoas aquilo não diz rigorosamente nada”, comentou o diretor. No entanto, sublinhou que estas máquinas estão “na génese, ou na base, de todo o setor industrial — para as mesas, para os pratos, para os relógios.” Acrescentou ainda que, se os alunos e famílias não compreenderem a utilidade destes equipamentos, não se sentirão motivados a ingressar na escola: “Se eles não se perceberem efetivamente da potencialidade daquilo, nem as famílias nem os alunos querem vir para cá.”

A verdadeira força destes centros tecnológicos vai além do ensino regular. Eles foram pensados também para promover parcerias com outras escolas, instituições de ensino superior e empresas. Segundo Luís Oliveira, a escola já está a preparar ações de capacitação com as empresas fornecedoras e, nesta fase inicial, irá convidar os parceiros a utilizarem o centro.
Carlos São Martinho, presidente da direção, reforça a importância desta ligação com o tecido empresarial. “A nossa escola não é só para dar formação aos alunos, mas essencialmente para a colocarmos a favor da sociedade. Porque estes investimentos só têm sentido assim”, afirmou. Na sua visão, este papel estratégico da EPF pode impulsionar a modernização tecnológica das empresas da região. “Os próprios empresários, até vendo o que aqui temos, podem eles próprios depois modernizar as suas empresas com tecnologia parecida ou mais de vanguarda que esta”, observou, concluindo que a escola poderá assumir-se como um dos pivôs na mudança estrutural do tecido produtivo.
Este é apenas o primeiro de três centros tecnológicos que a EPF está a implementar, faltando apenas dois equipamentos para fechar a candidatura. Os próximos, nas áreas da informática e do digital, deverão estar concluídos até março de 2026. No total, os três centros representam um investimento de cinco milhões de euros, financiado pelo PRR, numa altura em que a Escola Profissional do Fundão se encontra “financeiramente saudável”.