O município do Fundão tem uma das melhores taxas de sucesso de inclusão de migrantes da Europa. Os migrantes que chegam ao concelho demoram quatro vezes menos tempo a ter a sua autonomia plena, quando comparado a outras cidades ou países europeus. Mas o sucesso atinge mais homens do que mulheres.
Os dados dizem respeito a “todos os migrantes que tiveram vulnerabilidades”, aponta o presidente da Câmara Municipal do Fundão. Os que vêm através de barcos ou caravanas humanitárias, refugiados ou solicitantes de asilo, ou mesmo os que vão chegando ao concelho sem planeamento.
O município calcula aquilo que é o seu processo de integração socioprofissional, ou seja, “a partir do momento que começam a trabalhar e começam o seu processo de autonomia”, e no caso dos homens, a taxa de sucesso é de 73%.
“Nós temos cerca de menos de um terço que ainda estão num processo de maior dependência, sendo que o nosso prazo para a autonomização é inferior a um ano, quando no espaço europeu, em muitos dos campos que recebem estes migrantes mais vulneráveis é superior a quatro anos. Por isso digo que é quatro a cinco vezes menor o prazo de inclusão”, referiu o edil.
Os dados, afirma Paulo Fernandes, resultam de um programa de inclusão socioprofissional “holístico e intensivo” que permite acelerar as condições de empregabilidade, sendo este um número “muito bom”, uma vez que é “um grande acelerador para a inclusão social, para a língua, até do ponto de vista cultural”.
Mas quando se fala de mulheres, a taxa de sucesso de inclusão “é muito inferior”, com menos de 50% de autonomização.
Um cenário que se justifica pelo grupo de pessoas que chegou da Ucrânia, que eram “quase exclusivamente mulheres, a maioria com um ou mais menores a cargo”, não tendo por isso as mesmas “condições de base, de maior liberdade, relativamente aos homens”, justificou Paulo Fernandes, à margem do seminário de lançamento da rede de cidades Pink Circle, da qual o Fundão faz parte, para promover o empreendedorismo e emprego feminino na área das economias verdes.
Na sessão, surgiu a ideia de que “um dos grupos mais vulneráveis no processo das alterações climáticas e das catástrofes naturais são as mulheres e as crianças”, daí a importância, conclui o presidente do município, de “intervir mais no grupo das mulheres para que haja mais igualdade de oportunidades para todos os géneros”.