Arrancou esta sexta-feira à tarde, na Moagem, no Fundão, mais uma edição do Gardunha Fest, o festival de curta-metragens fundanense dedicado ao tema do paranormal da responsabilidade da Histérico – Associação de Artes.
O evento começou com uma sessão de abertura, em que Miguel Geraldes (diretor do certame), Joana Ramos (presidente da Histérico) e Alcina Cerdeira (Vereadora da Cultura do Município do Fundão) deram as boas-vindas aos presentes para uma edição do festival, colocando em evidência a importância que o mesmo tem tido para atrair a produção cinematográfica e os jovens cineastas para o Fundão e para a região, uma região exatamente conhecida pelas histórias do mundo paranormal que lhe são associadas tantas vezes. Além disso, foi também referido como ponto muito positivo o aumento do número de candidaturas aos prémios, que tem aumentado cada vez mais a responsabilidade e o trabalho da equipa de jurados envolvidos no festival.
Seguiu-se depois a transmissão do filme “O Céu em Volta”, de Rodrigo Cruz Silva. Um filme que foi gravado em vários locais da região, nomeadamente em Alcains, na Lardosa e em Castelo Novo, e que, segundo o próprio realizador que não pode estar presente mas deixou uma missiva de agradecimento e explicação da obra apresentada, refere ser uma junção de ideias de filmes que viu e de que gostou numa primeira incursão que fez pela produção cinematográfica e que embora não tenha uma ordem e um fio condutor claro, reúne todas essas experiências e ideias soltas que queria colocar em filme, colocando em perspectiva a forma como os locais que habitamos moldam a nossa forma de ser e olhar o que nos rodeia.
A terminar a sessão inicial, houve ainda lugar a uma mesa redonda sobre o cinema na região da Beira Interior, com quatro rostos bem conhecidos deste mundo na região e de quatro entidades que procuram levar cinema distinto e de autor às comunidades com quem trabalham: Ana Couto (Cineclube da Guarda), João Ferreira (CISMA), José Oliveira (Cineclube Gardunha) e Afonso Fontão (ST Arte). Juntos, analisaram os principais desafios deste tipo de projetos, como a dificuldade da adesão por parte do público geral a cinema que não conhece ou que é menos comercial embora tenha a capacidade de impactar e agradar quem vai; a periodicidade ou a volatilidade que pode sofrer a programação, isto para além da dificuldade que existe sempre de trazer os realizadores dos grandes centros urbanos a estas regiões para apresentarem presencialmente o seu trabalho, embora esteja sempre inerente esse objetivo de o fazer sempre que possível. Além disso, para além das dificuldades, encontraram-se também pontes possíveis de entendimentos e sinergias que coloquem estas entidades a trabalhar em conjunto para capacitar uma oferta conjunta e dê mais força a este tipo de iniciativas.
A ideia comum é geral a todos os oradores: é essencial trazer este tipo de cinema para junto das comunidades locais, principalmente em locais que lhe tenham menos acesso como as aldeias dos vários concelhos, deslocar a oferta de cinema de forma itinerante pelo território e, principalmente, impactar as pessoas com cinema que não conheçam e que lhes fique mais do que cinco minutos presente depois do filme. A terminar, o desafio é dado a todos: promovam, divulguem, e venham. O cinema, também o de autor, o experimental, e o que foge às regras do jogo comercial, precisa de público para sobreviver.
Da parte da noite, a sala voltou a abrir para receber o primeiro concerto do projeto Xico Gaiato, do jovem fundanense Francisco Barata, que se lança agora com este tipo de espetáculo musical e que espera em 2025 lançar o primeiro álbum.
Este sábado e domingo, o festival continua com uma programação geral variada e também com o anúncio dos grandes vencedores desta edição.