Em Idanha-a-Nova, o “Muro dos Apaixonados” a que José Saramago se refere na obra “Viagem a Portugal” já é mais fácil de encontrar. A autarquia assinalou oficialmente, na passada terça-feira, 22 de agosto, o antigo ponto de encontro de amigos e namorados idanhenses com uma placa de identificação.
Um muro que se estende ao longo da Rua Luís de Camões, e que foi eternizado por José Saramago quando, durante uma visita à vila de Idanha-a-Nova, encontrou naquele local um cupido esculpido na pedra.
No descerramento da placa oficial, o presidente da Câmara de Idanha-a-Nova destacou a ligação daquele muro com as “vivências dos jovens idanhenses de outrora”, felicitando “quem propôs assinalar a referência, quem investigou os factos e quem levou a efeito” aquele momento.
A ideia partiu da idanhense Maria da Conceição Teixeira, professora em Almada, que desafiou as entidades locais a assinalar a passagem do Prémio Nobel da Literatura por Idanha-a-Nova.
As suas próprias “memórias de adolescência” do muro onde se juntavam amigos, namorados e onde se criava “um ambiente fantástico”, fez com que Maria da Conceição sugerisse então assinalar o destaque dado por Saramago a “um pormenor como é este muro e a uma discreta inscrição, que é o tal coração, o tal cupido, a que ele concede dimensão ao valorizar com o seu olhar”.
A passagem de Saramago por Idanha aconteceu no âmbito do livro “Viagem a Portugal”, uma coleção de memórias, narrativas e crónicas da sua autoria, publicada em 1981. Foi escrita ao longo da sua viagem por todas as regiões de Portugal continental, entre outubro de 1979 e julho de 1980, a convite do Círculo de Leitores.
Na colocação da placa informativa, que contextualiza a referência ao muro na obra literária, para além do município e da União de freguesias de Idanha-a-Nova e Alcafozes, estive ainda envolvido o trabalho de investigação do historiador António Catana e de Alexandre Gaspar, entre outras individualidades.