O tema não é tabu na Escola Profissional do Fundão. A Inteligência Artificial é um comboio em andamento que a escola não pode perder. Jorge Gamboa, diretor pedagógico da EPF, admite que existem perigos, mas os benefícios são superiores, quando utilizada da forma correta.
“No ensino detetamos perigos que acontecem, como o plágio, a deformação de processos de aprendizagem, mas há 30 anos não podíamos utilizar máquina de calcular na aula de matemática, hoje as máquinas são gráficas e algumas até já são algébricas.”
A IA veio para ficar e a escola não pode fugir a esta realidade, “nem esconder, nem meter debaixo do tapete, ou proibir, temos que ensinar a utilizar, quais são as questões éticas da boa utilização e como é que pode dar sentido às aprendizagens.”
Jorge Gamboa falava à RCB, à margem da palestra que a EPF organizou, a pedido da Associação Comercial e Industrial do Concelho, sobretudo, para empresários.
A palestra era dirigida ao mundo empresarial, mas o princípio de utilização da IA é o mesmo em todas as áreas. Fazer a pergunta certa. O diretor pedagógico da Escola Profissional do Fundão deixa um exemplo prático.
“Se eu perguntar quem é Almeida Garret vou ter uma resposta correta, mas se eu perguntar, por exemplo, quem é o Jorge Gamboa, há mil Jorges Gamboas no planeta e a resposta vai ser incorreta.”
O segredo está na colocação “de uma boa pergunta, uma pergunta bem formulada, para não haver derivas”.
Em Portugal, segundo o diretor pedagógico da EPF, ainda não existem, mas no exterior já há cursos superiores sobre o tema.
“Hoje em dia, desenvolvem-se cursos superiores de engenharia só para construção de perguntas, de prompts, há mesmo já a licenciatura em prompts, não em Portugal mas fora do país.”
A partir do momento que é feita a pergunta certa, pode gerar-se um diálogo entre o homem e a máquina, sendo que o computador dará a melhor resposta quando mais assertiva for a pergunta do utilizador.