As câmaras municipais de Proença-a-Nova e de Castelo Branco vão solicitar ao Governo que seja declarado o estado de calamidade para as zonas afetadas pelo incêndio que nos últimos três dias fustigou aqueles concelhos, anunciou esta segunda-feira o presidente da CM de Proença-a-Nova.
O edil de Proença-a-Nova falava esta manhã na reunião ordinária do executivo proencense e adiantou que, em conjunto com o Município de Castelo Branco, “seja declarado o Estado de Calamidade para a zona afetada pelos incêndios para, de facto, darmos uma resposta mais rápida e mais ativa quer ao Município, mas essencialmente às pessoas e às populações”, afirmou.
De acordo com o autarca, depois de terem acompanhado o evoluir do incêndio na sua fase mais crítica, durante mais 36 horas, os técnicos do Município – da área da ação social e técnica – estão no terreno para realizar o levantamento dos prejuízos nas mais de 20 aldeias afetadas pela ocorrência.
“Até à próxima quarta-feira esperamos ter realizada a avaliação criteriosa de todos os danos, ambientais, sociais e económicos, para junto do Governo traduzirmos as nossas preocupações e assim serem ressarcidas e apoiadas as pessoas. Para além de ter ardido uma casa de primeira habitação e terem sido afetadas mais três de segunda habitação, arderam muitos utensílios e alfaias agrícolas, arrumos e animais domésticos, para além de oliveiras e outras árvores de fruto e a agricultura de subsistência”. Disse.
Traduzindo a esperança que é preciso manter, “apesar de muitas vezes nos deixarmos atravessar por algum espírito de mágoa e de desânimo, o Município traduzirá sempre o apoio que está na esfera das suas competências”, garante João Lobo, relembrando que o Município “não se tem alheado de forma nenhuma relativamente à sua estratégia de desenvolvimento deste território, nas ações diretas nos condomínios de aldeia e na reconversão de áreas florestais em agrícolas junto dos aglomerados populacionais, mas também nas áreas integradas de gestão da paisagem e é este o desafio em relação à floresta que queremos traduzir e que temos feito, não deixo aqui de frisar isso, algumas vezes, eventualmente, nem sempre acompanhado pela devida celeridade das estruturas do Estado, mas disponíveis para de facto traduzir esse esforço”.
João Lobo aproveitou a ocasião para voltar a agradecer a todos quantos atuaram no teatro de operações estes dias, destacando “os bombeiros, os nossos bombeiros, a direção da Associação Humanitária pelo apoio logístico, aos nossos voluntários, às populações que de forma abnegada, e muitas vezes a destempo do apoio dos bombeiros, protegeram aquilo que é seu e dos seus vizinhos, nesse espírito que também já referi de comunidade”. O agradecimento estendeu-se aos municípios vizinhos de Oleiros, Sertã, Vila Velha de Ródão e Mação e aos colaboradores do Município.
A Comissão Municipal de Proteção Civil ativou o Plano de Emergência Municipal, emitindo declaração de Estado de Alerta por causa do incêndio que começou no dia 4 de agosto, em Castelo Branco, tendo rapidamente evoluído para o concelho de Proença-a-Nova provocando um rasto de destruição em cerca de 7.000 hectares de floresta ardida e causando o pânico em diversas aldeias dos dois concelhos
A CM de Proença-a-Nova informou ainda que a Zona Balnear de Cerejeira se encontra temporariamente encerrada; na Serra das Talhadas, todos os percursos pedestres (PR3, PR6 e etapas 5 e 6 da Grande Rota da Cortiçada), percursos de Enduro BTT e Via Ferrata encontram-se desativados até serem repostas as condições para a sua prática. Também o PR1 na zona da Moita foi afetado.
Refira-se que nesta manhã, o incêndio foi dado como dominado, mas continuam no terreno (às 16:00h) mais de 600 bombeiros/as, 240 viaturas e um meio aéreo para as operações de rescaldo.