Precariedade, desigualdade salarial, violência laboral, dificuldade em conciliar vida profissional com pessoal, são os problemas que afetam mais as mulheres trabalhadoras. Alertas no Dia Internacional da Mulher, esta manhã, na Covilhã, pela União de Sindicatos de Castelo Branco (USCB / GTP-IN) e outras organizações sindicais, no âmbito da Semana da Igualdade.
Numa tribuna pública, frente à Câmara Municipal da Covilhã, Gabriela Gonçalves, da Comissão de Igualdade entre Mulheres e Homens da GCTP, alertou para a realidade das trabalhadoras na região, e no país.
“São as mulheres que constituem a maioria dos desempregados, dos contratos precários e dos vínculos a tempo parcial. Apesar das qualificações superiores, perdem o emprego ou não têm o contrato renovado por estarem grávidas”, afirmou, acrescentando que as mulheres são a maioria nas famílias monoparentais e ocupam setores de baixos salários e horários desregulados.
“São também elas que gastam mais horas em trabalho não remunerado, sofrem mais doenças profissionais e são as principais vítimas de assédio laboral, violência doméstica e redes de prostituição”, reforçou Gabriela Gonçalves.
No contexto do sindicato em Funções Públicas, Marta Oliveira reforçou os problemas atuais, defendendo que “é tempo da igualdade, na lei, ser efetiva no trabalho e na vida”.
Criticou a precariedade laboral entre jovens, onde as mulheres são as mais afetadas, e destacou a importância da igualdade salarial. “Não há igualdade quando as mulheres trabalham por turnos, aos fins de semana e à noite, comprometendo a sua vida familiar”, alertou.
Ângelo Correia, do Sindicato Têxtil da Beira Interior, denunciou que o setor do vestuário, maioritariamente composto por mulheres, “é onde se nota frequentemente a violação dos direitos laborais”, denunciando o assédio moral e a pressão constante nas empresas. O dirigente não perdeu a oportunidade de sublinhar a “vergonha” do aumento de 0,15€ proposto pelas entidades patronais sobre o subsídio de refeição.
Também a Interjovem reconhece desafios “específicos” enfrentados pelas jovens mulheres trabalhadoras: “Os horários desregulados afastam-nos da família, dos amigos e até do descanso”, afirmou a representante da organização jovem, apontando “a precariedade, os salários desiguais e a falta de progressão na carreira” como entraves à emancipação das jovens mulheres no mercado de trabalho.
Para responder às desigualdades e às violações laborais, o coordenador da União de Sindicatos, Sérgio Santos, deixa as reivindicações de uma luta “de todos os dias: A cada posto de trabalho permanente tem de corresponder um vínculo de trabalho efetivo. A valorização dos salários e igualdade salarial entre mulheres e homens. Salário igual para trabalho igual ou de valor igual, aumento salarial de pelo menos 15% e nunca inferior a 150 euros para todos e os 1000 euros de salário mínimo nacional durante o corrente ano. A organização do tempo de trabalho com direito à conciliação com a vida familiar e pessoal. Fim do recurso excessivo e desnecessário ao trabalho por turnos e elaboração contínua. Salvaguarda do sábado e do domingo com dias de descanso e 35 horas de trabalho semanal sem perda de retribuição”, interveio o coordenador.
No Dia da Mulher, os sindicalistas apelaram à mobilização das trabalhadoras e dos trabalhadores para dar continuidade à luta por condições mais justas. “A luta pela igualdade é eterna, e só com a união de mulheres e homens conseguiremos um futuro de dignidade, respeito e conquistas para todos”.
A Semana da Igualdade prossegue até o dia 12 de março, reforçando a continuidade do esforço pela valorização das mulheres e a eliminação das desigualdades.