Atualmente a necessidade de sangue em Portugal prende-se com a carência dos seus componentes, sobretudo de plaquetas. A Federação de Associações de Dadores de Sangue (FAS) exige por isso um “programa corajoso” de dádiva por aférese, que permite uma colheita seletiva.
À margem da última Assembleia Geral da FAS, o presidente da mesa daquele órgão, Joaquim Silva, revela que nos últimos anos houve uma baixa significativa de dadores. “Saímos de um número de 42 dadores por cada mil habitantes para os atuais 28 mil. Felizmente os tratamentos hospitalares são mais diferenciados e é necessário menos sangue, então instalou-se aqui um equilíbrio, mas um equilíbrio muito instável. Durante o ano, ciclicamente, sobretudo nos meses de janeiro e fevereiro, de uma forma grave nos últimos dois anos temos falta de componentes”.
O presidente da Assembleia geral explica que atualmente não se fala de sangue, mas de todos os componentes sanguíneos, “dos quais há um que os hospitais são ávidos que é as plaquetas. A necessidade de plaquetas é uma realidade muito grave em Portugal. Os tratamentos de oncologia são muito evasivos das células sanguíneas e elas são substituídas através das plaquetas. Quando nós ouvimos falar de falta de sangue, o que falta são plaquetas”.
E por isso, para além da dádiva tradicional, implementada em vários pontos do país, muitas vezes através das associações de dadores, Joaquim Silva exige “coragem dos políticos” para “implementarem a dádiva por aférese. É possível obter-se só plasma, só plaquetas, uma recolha seletiva dos componentes sanguíneos. Em Espanha, as próprias unidades de saúde móveis já têm esta máquina e nós não temos. Há uma máquina em Lisboa e no Porto, mas é insuficiente. Portugal tem que ter um programa corajoso de dádiva de aférese e esta é a nossa próxima luta com o Instituto Português do Sangue”, saliente o dirigente da Federação de Associações de Dadores de Sangue (FAS).
Sem a coragem do governo, a dádiva de sangue tem que contar com os dadores voluntários. Em Portugal, existem cerca de 200 mil dadores fidelizados, são eles o garante do banco sanguíneo, mas a federação nacional, tal como o Grupo Humanitário de Dadores da Covilhã salientam que “todos somos poucos” para abraçar a causa.