Inspirado na figura popularmente conhecida por Maria Cachucha (Maria Purificação da Silva, 1900-1960), que trabalhava no Matadouro Municipal de Torres Vedras e era a única mulher em Portugal que, à época, matava bois, o espetáculo resulta de uma colaboração entre Luís Soldado (composição musical) e Rui Zink (libreto), refere o município idanhense.
Sobre a ópera escreve Ruiz Zink: “Um jovem jornalista aventura-se na floresta para ir entrevistar a famosa Maria Cachucha, uma personagem estranha sobre a qual correm muitas lendas. A de que é um homem vestido de mulher, mas tão forte que, se alguém se atrever a troçar, está em sarilhos grandes. A de que é uma mulher, mas tão de pelo na venta que nem os mais corajosos pescadores se atrevem a desafiá-la para um braço de ferro. Trabalha num matadouro e usa saias. Mata, e consta que não sós animais.”
Apesar dos momentos de comicidade, “Não há machado que corte” apresenta-se como uma ópera intrigante e catalisadora de uma meditação sobre a problemática do género. A proposta musical e literária, juntamente com a encenação, permite refletir sobre a igualdade e subjetividade de género e a afirmação da mulher na sociedade contemporânea.
Na criação deste espetáculo, referência para a encenação de Linda Valadas e para a cenografia e figurinos de Sérgio Loureiro, que nesse mesmo dia orientam uma oficina criativa destinada a alunos de Idanha-a-Nova.
A apresentação de “Não há machado que corte” e a realização da oficina são cofinanciadas pela República Portuguesa-Cultura/DGARTES, ao abrigo do Programa de Apoio à Programação da RTCP – Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses, da qual o CCR faz parte.