O roteiro de arte urbana da Covilhã está a crescer. Com a 11ª edição do festival Wool, vão nascer novos quatro murais e outras instalações artísticas que ressalvam a história e a identidade local. Até 16 de junho, são seis os artistas nacionais e internacionais que intervêm no espaço público da cidade e a RCB foi ao encontro de alguns deles, para perceber o que vai brotar da edição Wool 2024.
Numa visita orientada por uma das fundadoras do festival, Lara Seixo Rodrigues, a Rádio Cova da Beira foi à descoberta dos murais que estão a nascer na Covilhã.
O roteiro começou no Pátio dos Escuteiros, onde durante estes dias se pode encontrar, em cima de um andaime, a artista portuguesa Daniela Guerreiro. Desafiada a pintar duas paredes sobre a tradição do chá na Covilhã, a artista algarvia conta que acabou por reproduzir uma experiência pessoal.
Uma representação real do convívio e da partilha que surge a partir da tradição do chá, a nascer no Pátio dos Escuteiros. Daí, descemos até à Rua da Ramalha, sítio da Taberna do Papagaio, como era conhecida. É a partir dessas memórias, e também pela vontade do antigo proprietário, que a dupla MOTS, composta pela polaca Jagoda Cierniak e o português Diogo Ruas, pintam toda a fachada daquela casa.
Mais abaixo, já na Rua da Srª da Paciência, encontramos um dos “dinossauros” da arte urbana a nível internacional. É o italiano Millo, que em paredes de grande dimensão pinta como se de uma folha de papel se tratasse. Com um pincel fino, a seis metros da parede e apoiado por uma plataforma elevatória, na Covilhã, Millo concebe um mural que “tem a ver com a paz e com o necessário diálogo e acordo entre partes”, explica a fundadora do festival.
Trata-se de duas figuras, um menino e uma menina a apertar a mão, “numa espécie de acordo calmo e sereno”, e na parte de baixo do mural, vai estar uma teia de um tear, “como se este tecido de união e diálogo estivesse a ser construído”, descreve Lara Seixo Rodrigues, explicando que “não é um tema específico local, mas recorre a referências locais”, para falar sobre assuntos que “importam”.
É também esse o objetivo do artista italiano que, findada a obra, fica curioso para saber o que o seu trabalho poderá transmitir às pessoas da comunidade local.
Já no Largo de S. Silvestre, a brasileira Mura pinta em grande escala as gencianas, as flores que só existem no Maciço Central da Serra da Estrela.
Além destes quatro murais, o centro histórico da Covilhã vai ser preenchido com pequenas esculturas do espanhol Isaac Cordal, que obrigam as pessoas a olhar para cima, para detalhes que antes não teriam reparado. Destaque ainda para uma instalação do espanhol Spy, na Rua Senhora da Estrela, na Boidobra. A recriação de um ouriço checo, que em vez de impedir a passagem de tanques, impede a propagação do fenómeno painéis solares.
Murais e instalações que se juntam às cerca de 50 obras criadas no âmbito do festival Wool. O festival que visa a revitalização e a reativação do espaço público, sobretudo do centro histórico, através da arte urbana.
Ao longo da 11ª edição Wool, que termina a 16 de junho, estão programadas visitas guiadas a pé e de tuk-tuk por todo o roteiro, mediante inscrição prévia. Esta noite, 13 de junho, às 21h30, os artistas vão estar à conversa com a comunidade, numa sessão que vai ter lugar na sede da Banda da Covilhã.