“Esta medalha, que hoje orgulhosamente recebemos, tem um valor inestimável para nós, porque se trata do reconhecimento desta cidade, deste concelho, deste chão que todos amamos. Isto significa que todos os que durante 78 anos trabalharam para manter o jornal vivo e relevante, cumpriram a sua missão.”
Uma missão de quase oito décadas nem sempre navegadas em águas serenas, como quando corria a primavera de 1965 e o Jornal do Fundão encerrou compulsivamente, durante seis meses, no tempo da ditadura, recordou Nuno Francisco.
Foi também a permanente preocupação com o Fundão, com a região e com o seu futuro que levou a atual equipa a embarcar nesta aventura em 2018.
“Era o nosso chão a chamar-nos, por entre as palavras alinhadas em cada coluna, era o nosso dever por quem nos deu tanto, por quem sempre nos ensinou que o coração deve seguir o compasso do teclado quando é o nosso chão, quando é a nossa terra que está em causa. E é esse coração que hoje está profundamente reconhecido ao Fundão por esta distinção.”
Hoje os desafios são outros e as ameaças são muitas. Mas o papel do jornalismo mantem a mesma importância, na defesa da democracia, refletiu ainda Nuno Francisco a propósito do momento atual.
“Hoje, as ameaças são muitas, não falamos já da censura enquanto instrumento de um Estado repressor, mas da ameaça globalizada vinda da produção massiva de notícias falsas, da vertigem dos boatos e das insinuações, da instalação virulenta da dúvida e do descrédito sobre as instituições democráticas e os seus protagonistas. Essas são hoje verdadeiras ameaças à saúde das democracias e do espaço público e que só podem ser combatidas com o empenho de todos e com um jornalismo livre, responsável e empenhado.”
Visivelmente emocionado, Nuno Francisco recebeu em nome do Jornal do Fundão, a medalha de ouro de mérito municipal no ano em que se comemoraram os 277 anos da fundação do concelho, os 50 anos da revolução de abril e, quis o destino, o dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas.