Os Prémios CEI-IIT 2023 são entregues a Márcia Silva (UBI) e João Alves, Elisete Diogo (IPP). A sessão está agendada para quinta-feira, 19 de outubro, na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço (BMEL), na Guarda.
O Centro de Estudos Ibéricos (CEI) entrega o Prémio CEI – Investigação Inovação e Território – IIT 2023 a três investigadores portugueses.
João Emílio Alves, Elisete Diogo do Instituto Politécnico de Portalegre (IPP) e Márcia Silva, professora auxiliar convidada da Universidade da Beira Interior (UBI) foram os investigadores galardoados com o prestigiado prémio que distingue a Inovação e a Investigação
A cerimónia de entrega das distinções tem lugar na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço (BMEL), pelas 15h00.
Os projetos galardoados nesta edição foram: “Projeto Ir Além – A Inclusão Social de NPT – Nacionais de Países Terceiros- e o Desenvolvimento de Territórios de Baixa Densidade” de João Emílio Alves e Elisete Diogo, IPP; e “Empreendedorismo feminino no turismo em territórios de baixa densidade: o caso das Beiras e Serra da Estrela” – Márcia Silva, UBI. Ambos serão apresentados nesta sessão pública, na BMEL, pelos investigadores.
Recorde-se que este galardão apoia trabalhos, projetos de investigação e outras iniciativas que revistam uma dimensão inovadora, contribuam para divulgar estudos, experiências e boas práticas que concorram para reforçar a coesão, a cooperação e a competitividade dos territórios fronteiriços e de baixa densidade.
O prémio corresponde a um valor pecuniário de 1.750 euros, por projeto.
Projetos distinguidos – 2023
Projeto Ir Além – A Inclusão Social de NPT (Nacionais de Países Terceiros) e o Desenvolvimento de Territórios de Baixa Densidade – João Emílio Alves (Docente no Instituto Politécnico de Portalegre)
No quadro da sociedade globalizada surgem os desafios do desenvolvimento, como complexos e multidimensionais, particularmente a desigualdade territorial que marca os designados Territórios de Baixa Densidade (TBD). Outro desafio crescente centra-se na gestão dos fluxos migratórios, no respeito pelos direitos fundamentais dos cidadãos e no interesse do local de destino. Importa compreender o potencial da migração para a atração e enraizamento de imigrantes, bem como o impacto nessas regiões. Com vista a contribuir para a escassez de conhecimento científico desenha-se o projeto “Ir Além – A Inclusão Social de NPT (Nacionais de Países Terceiros) e o Desenvolvimento de Territórios de Baixa Densidade” https://gii.ipportalegre.pt/projetos-em-curso/, 2020 – 2022, promovido pelo Politécnico de Portalegre, cofinanciado pelo Fundo para o Asilo, a Migração e a Integração (FAMI), tendo sido prorrogado até dezembro de 2023.
O projeto, constituído por uma equipa multidisciplinar, visa analisar a relação entre as práticas de inclusão social de imigrantes nacionais de países terceiros (NPT) e o desenvolvimento de TBD, contribuindo para a implementação de políticas públicas no âmbito do asilo, proteção e migração. Metodologicamente, o Ir Além assenta em 5 componentes: a primeira centrada em quatro estudos de investigação empírica com abordagem exploratória marcadamente qualitativa tendo por base entrevistas semiestruturadas envolvendo o discurso de 23 participantes, profissionais e imigrantes; 3 componentes de sensibilização e capacitação de profissionais que atuam em serviços de acolhimento, integração e acompanhamento a imigrantes, incluindo a crianças; e um evento internacional de partilha de práticas e políticas inspiradoras.
A emergência e a divulgação dos outputs do projeto ocorrem sob um conjunto de formatos, com um retorno muito positivo, identificando-se, à data: 725 beneficiários, resultado de 25 sessões de formação e sensibilização; 250 participantes na conferência internacional; Lançamento de dois livros multi-autor; publicação de artigos empíricos em revistas científicas; comunicações em diversos eventos.
Os resultados preliminares dos estudos científicos têm sido partilhados, relevando a importância do papel dos técnicos sociais na integração e inclusão social dos imigrantes no destino, e o impacto multidimensional dos imigrantes nos territórios.
As conclusões centram-se em recomendações para a prática profissional e para as políticas públicas, de imigração e de desenvolvimento local.
Empreendedorismo feminino no turismo em territórios de baixa densidade: o caso das Beiras e Serra da Estrela – Márcia Patrícia Barbosa da Silva (Professora Auxiliar Convidada Universidade da Beira Interior)
O empreendedorismo na atividade turística em territórios de baixa densidade tem vindo a ser promovido como uma oportunidade para se combater o envelhecimento demográfico e o declínio económico, considerados como as principais causas do despovoamento e abandono dos jovens, particularmente de mulheres. O empreendedorismo nestes territórios tem permitido reter população, particularmente de mulheres que encontram no turismo uma oportunidade para a criação de emprego, mas também para fixar novos residentes e assim fortalecer a economia e a atratividade dos territórios. Ainda que o aumento do empreendedorismo feminino seja encarado como uma realidade e uma oportunidade para estes territórios, pouca ou nenhuma atenção tem sido conferida para compreender as motivações e os desafios que estão na base do empreendedorismo feminino na atividade turística. Se nos voltarmos particularmente para o empreendedorismo em alojamentos de turismo rural, vários estudos demonstram que é uma atividade predominantemente feminina e bastante heterogénea em relação às suas trajetórias de vida, motivações, experiências e expectativas. Face a esta heterogeneidade, o presente estudo tem como objetivo estudar as motivações para o empreendedorismo feminino em unidades de alojamento de turismo rural nas Beiras e Serra da Estrela através da análise das trajetórias de vida, experiências e expectativas. Concomitantemente, almeja-se melhorar e promover o conhecimento sobre empreendedorismo feminino no turismo rural, identificar o perfil das mulheres empreendedoras em unidades de alojamento turístico no espaço rural das Beiras e Serra da Estrela, apresentar uma visão abrangente das motivações intrínsecas à decisão de empreender na atividade turística e orientar futuras políticas e mecanismos que visem a promoção do empreendedorismo feminino na atividade turística, enquanto estratégia de desenvolvimento sustentável e de coesão social e territorial. A metodologia adotada é de cariz qualitativa, tendo como técnica principal a realização de entrevistas semiestruturadas a mulheres empreendedoras em alojamento de turismo rural nas Beiras e Serra da Estrela. Atendendo que na Europa e particularmente em Portugal são escassos os estudos que destacam o papel da mulher empreendedora na atividade turística no reforço da coesão e competitividade no interior do país é neste âmbito que se encontra a inovação do estudo.