As condições climáticas do último inverno e da primavera estão na origem da quebra de produção da cereja que, este ano, deverá oscilar “entre os 40 e os 50%”. As condições climáticas que se fizeram sentir em todas as fases, da floração ao vingamento da cereja, é também responsável pelo atraso de duas semanas no arranque da campanha, em relação ao calendário habitual. Quanto à qualidade, a previsão é que a cereja, este ano, seja ainda melhor.
Segundo Filipe Costa, gerente da Cerfundão, “atendendo às condições climáticas que se verificaram, desde o abrolhamento até esta fase, também na fase de floração e vingamento, a campanha está a começar quase 15 dias mais tarde do que no ano passado.”
Relativamente à quantidade de cereja, a campanha deste ano deverá ficar pela metade, “devido à instabilidade que temos vivido, quer em termos de temperaturas muito baixas, de amplitudes térmicas elevadas, de alguma precipitação que também decorreu desde o inverno até à primavera, tudo isso tem induzido alguma quebra de vingamentos na cereja, o que faz com que, comparando com épocas normais de maturação e de colheita, estamos a estimar uma quebra entre os 40 e os 50% de produção comparando com um ano normal.”
Uma quebra que deverá afetar “de forma transversal” todas as variedades de cereja.
Quanto à qualidade, a estimativa é que a cereja este ano, seja ainda melhor “porque como as árvores estão com menos carga, existe maior disponibilidade de recursos para alimentar esses frutos o que propicia uma maior qualidade quer em termos de firmeza, calibre e percentagem de açúcar. Tudo isso vai ser exponenciado, o que vai resultar numa melhor qualidade desse mesmo fruto.”
A única forma de deixar que a campanha oscile ao sabor das condições climáticas é com a proteção dos pomares. Segundo Paulo Fernandes, dos cerca de dois mil hectares de cerejal que existem no concelho do Fundão, apenas seis estão protegidos por tuneis, devido ao elevado investimento e aos pequenos apoios.
O presidente da Câmara Municipal do Fundão reitera a necessidade de aumentar significativamente esse apoio, “até aos 50%” e espera que “agora que, aparentemente, vamos ter alguma estabilização governativa, se volte ao acordo feito com o Sr. Ministro da Agricultura para que esse programa saia o mais depressa possível.”