Debatida a proposta apresentada ontem em assembleia geral extraordinária pela direção, o presidente da MAG do Sp. Covilhã, ouvido os sócios, decidiu retirar a proposta de venda do imóvel ao Município.
Falamos do ponto 4 e último da ordem de trabalhos da AG, que englobava ainda a construção da Academia de Futebol de Formação dos serranos.
António Vicente, vice-presidente da direção, assegurou que “para mim e penso que para a direção, o assunto morreu aqui”.
O dirigente falava, após ter escutado opiniões de vários sócios, (Paulo Rosa, Hugo Duarte, Marco Gabriel, José Afonso Gomes, Francisco Oliveira, Carlos Casteleiro, Paulo Cunha Ribeiro, Jorge Sousa, Pedro Saraiva e Fausto Batista, estes, ex-dirigentes dos actuais órgãos sociais), por exemplo, incluindo, após a discussão do tema, a totalidade dos associados, que se regozijaram com a decisão do líder da MAG em retirar a preposta da eventual alienação do património, nomeadamente, a venda dos silos-auto ao Município da Covilhã, única entidade que poderia adquirir o imóvel, na qual paga actualmente, cerca de 5 mil euros/mês ao clube, durante 10 anos (já passaram 2), tendo em vista, angariar verbas exclusivas para a construção da Academia, ( actualmente com terrenos instalados na vila da Boidobra (25 mil metros quadrados), sendo que, dos 29 mil, no total, 4 mil pertencem à UBI.
“Naturalmente nós percebemos o sentido das vossas palavras, das vossas intenções. Da minha parte e da parte da direção está fora de questão a venda dos silos. É assunto que morreu aqui hoje, a vossa opinião é soberana”, afirmou António Vicente.
A decisão de Francisco Moreira foi aprovada e votada por unanimidade e aclamação.
No decorrer da reunião magna, os associados dos serranos mostraram-se desagrados com a “proposta ruinosa” da venda dos silos auto. Para além de considerarem que esta é uma “proposta vazia de conteúdo” e que faltam informações referentes aos valores de venda e de construção da academia.
Os associados sugeriram em uníssono, que a proposta fosse retirada e que ponderassem alternativas. Os sócios acreditam que o silo “é um mealheiro” e que “gostam de ver o ouro nos dedos”. Defendem, ainda, a construção da academia, “mas nunca a troco da venda dos silos auto”, apesar, também, do parecer favorável do conselho fiscal liderado por Carlos Mineiro da Costa (património por património), independentemente do artigo 38 dos estatutos do clube, que obriga que uma decisão como esta, tem de fazer parte do plano de actividades e orçamento, neste caso, para a época 2024-25 da direção.
Dito isto, António Vicente, em nome da direção, respeitou a decisão dos sócios, e agora “há que tentar encontrar outra soluções para construir a a Academia, pois precisamos de boas infraestruturas para que os nossos meninos consigam praticar futebol de qualidade. Se vocês ainda não se deslocaram ao complexo desportivo, acho que devem ir lá ver as péssimas condições de trabalho que temos lá. Treinamos no pelado, não podemos trabalhar bem nos relvados, não estão em condições, condições miseráveis, não temos água quente, não temos luz, uma tristeza. Por favor ajudem-nos, ajudem-nos, até porque, também, dia 11 de março, vem à Covilhã uma delegação da FPF, para ver as nossas condições de trabalho, e porque precisamos de manter o clube como Entidade Formadora e no mínimo, manter as três estrelas que temos agora, porque se assim não for, caso percamos esse estatuto, na próxima época, nem nos campeonatos distritais poderemos competir”, apelou o coordenador do futebol de formação do SCC.
Quanto à proposta de atualização das quotas, o Sp. Covilhã apresentou as atualizações dos valores mensais e anuais, cujos montantes não eram alterados desde 1995 (30 anos).
“Como sabem, as quotas de sócio são uma importante fonte de receita para o clube. A proposta de alteração visa aproximar o valor das quotas à realidade económica atual, garantindo que o SCC continue a ter recursos necessários para investir na sua atividade e projetos. Esta decisão foi tomada considerando as necessidades financeiras do clube, a situação económica dos sócios, mas também tendo como referência outras instituições similares”, frisou Marco Pêba, presidente da direção.
Apresentada a proposta pelo secretário -geral do clube, André Oliveira, e apesar de alguns associados levantarem questões relativamente ao “aumento exagerado” e ao “esforço” que estas alterações possam significar para famílias com vários elementos associados e, ainda, questões relativas à possibilidade de desistência de sócios, a proposta foi aprovada por maioria, com quatro votos contra e 10 abstenções.
Assim, a partir deste ano 2025, as quotas mensais de 0.50 cêntimos passam para 1 euro, de 1.25 para 2.50, de 2.50 para €4 e de €5 para 7.50 euros.
Quanto às quotas anuais, as mesmas passam de €15 para 25 euros.
O clube actualmente tem 2999 sócios.
Com este aumento de quotas, o SCC pode vir a receber uma verba anual, no valor de 54 mil euros, de acordo com o dirigente Nuno Catarino.
Quanto ao crowdfunding, proposta apresentada pela direção do SCC, em 18 de dezembro do ano passado, em AG, António Vicente explica que, depois da discussão que motivou na altura e que, a grande maioria dos sócios não concordou, a direção serrana repensou a questão, e em sua substituição, propôs a criação de uma angariação de fundos – quota extraordinária (valor máximo de 300 mil euros), até final da época (2024-2025 – 30 de junho), por forma a liquidar “exclusivamente as dívidas do clube” .
Esta questão do crowdfunding, motivou inclusive uma autocritica da direção, que reconheceu que errou ao apresentar a proposta na altura. “Erramos e assumimos o erro. Isto é sinal, também, que sabemos ouvir os sócios, mudar o que tivermos de mudar, sem crise”. afirmou António Vicente.
Assim, “a direção do Sporting da Covilhã vem propor à assembleia geral que a atual direção seja autorizada a implementar quotas extraordinárias voluntárias de solidariedade, no montante de 10, 50, 100, 200, 500 e 1 000 euros, à escolha dos associados, não sócios, empresários e empresas, em ajudar o clube, através da entrega de verbas, sejam elas quais forem, para ajudarem o clube”, explicou ainda António Vicente.
A proposta de angariação de fundos foi aprovada por unanimidade.
André Oliveira, secretário-geral da direção aproveitou o momento para mencionar que o empréstimo de cerca de €53 mil, já foi liquidado à Caixa Agrícola em dezembro passado.
Após três horas e meia de debate, Francisco Moreira, presidente da Mesa da Assembleia Geral, usou da palavra para elogiar a “elevada qualidade da intervenção”, o “respeito mútuo e que os sócios deram uma lição de democracia interna, do que é ser sócio do Sp. Covilhã”. Concluiu.
No período da ordem do dia, depois de apresentados dois temas pelo sócios Bruno Pereira (falou de Francisco Chaló) e Paulo Rosa (obras na sede social do clube + processo em tribunal relacionado com o Gil vicente), Marco Pêba referiu que ” no que diz respeito ao ex-treinador Chaló, já pedi desculpas ao Bruno pela forma como o treinador falou com ele, não foi a mais correcta, talvez estivesse chateado, pois tinha sido despedido no dia anterior, talvez fosse isso, mas não foi a atitude mais correcta para com o associado. Quanto às obras na sede, ainda não começaram. quando houver dinheiro disponível vão começar para dar, de facto, mais e melhores condições aos sócios naquele espaço que já lá tem um restaurante, “Brasil ao Peso”, na qual, o proprietário gastou lá muitos euros em melhoramentos. Por isso, até setembro próximo não está a pagar renda. Este foi o acordo feito com ele e penso que foi um bom negócio para o clube. A partir de setembro deste ano, o clube vai passar a receber mensalmente 2.500 euros de renda. No que diz respeito ao processo em tribunal, confirmo que Vitor Cunha Cunha e João Salcedas foram ilibados do caso com o Gil vicente, mas o Sp. Covilhã vai a tribunal, juntamente com o ex-guarda do clube Vitor São Bento e outros agentes desportivos”. Afirmou o líder dos serranos.
A assembleia geral extraordinária do Sporting Clube da Covilhã decorreu ontem à noite, no Auditório Municipal da cidade, com a presença de 115 associados.