A aldeia de Trigais é a primeira do concelho da Covilhã a implementar o projeto “Aldeia Segura, Pessoas Seguras”. A partir de agora, a comunidade da aldeia anexa à Freguesia da Erada fica preparada para atuar em caso de incêndio.
O difícil acesso à aldeia, o extensivo pinhal que a envolve e uma população maioritariamente envelhecida foram os principais critérios para começar o programa “Aldeia Segura, Pessoas Seguras” em Trigais.
“É uma aldeia situada numa zona altamente densificada com pinhal e o projeto fazia sentido aqui nos Trigais porque vai haver momentos em que não vamos conseguir sair de cá”, explicava o coordenador Municipal de Proteção Civil, no último sábado.
Luís Marques refere que ali “só há um acesso, uma forma de sair” e que “os incêndios costumam vir do lado de baixo, ou seja, a estrada fica imediatamente cortada”, sendo por isso necessário “criar condições dentro das aldeias para que as pessoas lá fiquem e fiquem em segurança porque não é possível fazer a evacuação completa da aldeia”.
A apresentação do programa criado pelo governo em 2017, juntou a população na sede da coletividade de Trigais, que agora passa a ser o local de abrigo, onde as pessoas devem permanecer em caso de incêndio.
Para além disso foi ainda criado um local de refúgio que consegue albergar toda a população; foi colocada sinalética em toda a localidade, bem como o mapa de plano de evacuação, a ser feita apenas em último caso. Foram criados mecanismos de aviso e requalificados instrumentos de combate a incêndio. Outra medida foi a nomeação do “oficial de segurança local”, responsável por organizar a primeira resposta em caso de emergência.
Aos jornalistas, o presidente da Junta de Freguesia da Erada, João Almeida assume que “por vezes perde-se tempo no combate aos incêndios pelas pessoas insistirem ficar. Sabemos que as pessoas tentam sempre defender aquilo que é seu e se tivermos uma Aldeia Segura, se tivermos a certeza que as pessoas estão seguras, é obvio que os bombeiros e sapadores estarão mais concentrados nos incêndios do que nas pessoas”.
Depois desta primeira fase de implementação, que englobou ações de proteção, sensibilização e formação, o coordenador Municipal da Proteção Civil, avança que no próximo ano “e assim sucessivamente” vão ser realizados “treinos e exercícios de forma a ter sempre atualizado quer o plano de ação, quer a memória da população”. O objetivo, diz Luís Marques, “é ter sempre as pessoas preparadas”.
O vice-presidente da Câmara Municipal da Covilhã, José Armando Serra dos Reis, que elogiou Trigais pela implementação das primeiras medidas, anunciou que depois deste programa está em vista a implementação do “Condomínio da Aldeia”.
Outro projeto do governo que visa apoiar as aldeias localizadas em territórios vulneráveis de floresta e, nesse sentido, o objetivo é “ordenar todo o espaço à nossa volta, de forma a que o incendio não se meta connosco. É transformar pinhais em olivais, em vinhas, ver se podemos por mais pontos e reservatórios de água. Com o terreno ordenado é mais fácil pedir depois o apoio”, refere o autarca.
Trigais é apenas a primeira “aldeia segura” do concelho da Covilhã. Nos próximos tempos, o programa estende-se a outras nove aldeias, nomeadamente Casal de Sta. Teresinha, Pereiro, Vale Cerdeira, Cambões, Casal da Serra, Gibaltar, Terlamonte, Atalaia e Relvas.