“Subimos juntos?” é o nome do novo mural do roteiro Wool – Covilhã Arte Urbana, inaugurado no passado sábado, 20 de abril. Concebido por utentes da APPACDM, no âmbito do projeto Wool +, o painel de azulejos instalado na Rua Ruy Faleiro vem mostrar que as pessoas com deficiência também têm a capacidade de “criar algo único e incrível”.
Cerca de 1 200 azulejos compõe o mural criado por dezenas de utentes da APPACDM Covilhã em residência comunitária com alunos da escola secundária Campos Melo e o artista Mantraste.
Agora, a instalação está “numa via de grande circulação onde toda a gente passa diariamente” e que também faz parte do “circuito que o grupo de utentes da APPACDM faz diariamente, ali mesmo ao lado da casa mãe”, explica a diretora artística do Wool, Lara Seixo Rodrigues, avançando que “não fazia sentido” estar noutro sítio, mas sim no espaço público, “como eles próprios têm que estar”.
O trabalho resulta de seis meses de criação e para Lara Seixo Rodrigues, a inauguração do painel que já faz parte do roteiro de arte urbana da Covilhã, veio “mostrar à sociedade em geral que as pessoas com deficiência, seja ela qual for, são capazes de criar algo único e incrível”, considerando que foi “um resultado muito bom”.
Este foi “um grande desafio” para os utentes da APPACDM Covilhã, mas “foi motivante”, aponta o presidente da instituição.
“Apesar de termos ateliês em diferentes áreas, este da pintura e da cerâmica não temos, e para eles foi bastante enriquecedor do ponto de vista da autoestima e da valorização que eles próprios sentem ao serem reconhecidos por aquilo que estão a fazer”, disse em declarações à RCB, António Marques.
Mas do projeto Wool + não surgiu apenas o painel “Subimos Juntos?”. Surgiu também a integração de recursos de acessibilidade em quatro murais do atual roteiro: réplicas tácteis, audiodescrições, vídeos em língua gestual portuguesa, brochuras em comunicação alternativa e uma aplicação para daltónicos.
“Um trabalho que nunca vai estar terminado”, avança Lara Seixo Rodrigues que deseja alargar estes instrumentos a todos os 40 murais existentes.
“Há muitos outros recursos que nós sabemos da existência deles, mas que infelizmente dentro do orçamento que nós tínhamos disponível para o que era o projeto, já não dava para fazer. Portanto ainda há um longo caminho a fazer e por isso também apelamos às pessoas que se associem ao projeto para que consigamos trazer mais recursos e tenhamos mais murais com esses recursos”, desafia a diretora artística.
Para o vereador José Miguel Oliveira, este é um projeto “que sensibiliza para a temática da inclusão” e que “alerta para as necessidades” da população com algum tipo de deficiência. Além da arte, este é “mais um passo” na acessibilidade, que o município quer continuar a promover.
“Há outros projetos que, se calhar ainda é um bocado prematuro avançar, mas que podemos pensar em tornar a visita pelo nosso centro histórico, pela arte urbana e pela Covilhã mais amiga de quem tem essas dificuldades de locomoção, até mesmo para as pessoas mais idosas. Estamos a estudar algumas medidas que serão muito interessantes de virem a ser implementadas”, adiantou aos jornalistas o vereador da Câmara Municipal covilhanense, à margem da inauguração.
A instalação do mural na Rua Ruy Faleiro e a apresentação dos recursos de acessibilidade parece o culminar do projeto Wool +, mas é só o início.
Em junho é inaugurada uma exposição fotográfica de Miguel Oliveira com registos de todo o processo criativo, e o filme documental de Vasco Mendes. No mês de julho, os azulejos do Wool+ vão estar em exposição no Museu Nacional do Azulejo em Lisboa.
Já a 11ª edição do festival de arte urbana WOOL decorre de 6 a 16 de junho na “maior edição de sempre”, agora com novos murais e novos recursos.