A XI Feira do Enchido e do Presunto, na Atalaia do Campo, Fundão, este ano realiza-se na Avenida da ACRAC. A abertura do certame, esta sexta-feira, ficou marcada pela homenagem à Associação Cultural e Recreativa de Atalaia do Campo (ACRAC), e pelo regresso da feira ao seu local de origem.
Rui Domingos, presidente da União de Freguesias da Póvoa de Atalaia e Atalaia do Campo, justificou a homenagem com o impacto desportivo e social da coletividade. “A única atividade que existe aqui na aldeia, em termos de desporto, é a ACRAC, desde já há muitos anos. O ano passado foi o festejo dos 51 anos. Se uma pessoa vai a qualquer lado e quando se fala da Atalaia, é muito ligado ao futebol”, afirmou, destacando ainda o trabalho de formação desenvolvido com jovens da região.
Para Bruno Correia, presidente da ACRAC, o momento foi vivido com emoção. “Penso que é um dia histórico, um dia assinalável para a associação e para a freguesia da Atalaia do Campo. Porque realmente a partir de hoje passa a ter uma estrada com o nome daquela que ao longo dos anos a tem feito chegar mais longe”, declarou. E reforçou: “Tudo faremos para continuar a honrar a responsabilidade que hoje ainda mais nos dão. Porque realmente quem passa a partir de hoje nesta estrada terá que saber porque é que esta placa ali está.”
Assim, este ano, a Feira do Enchido e do Presunto da Atalaia do Campo, realiza-se na rua da ACRAC, mais propriamente no campo de festas. Regressando assim ao local de origem. A mudança foi bem recebida pelos feirantes.
Francisco Torres, das Torres & Herdeiros, um dos produtores da Atalaia do Campo que, apesar do pouco poder económico das pessoas, espera fazer algum lucro com os produtos que costuma vender ao longo de todo o ano, não tem dúvidas: “Sempre fui da opinião de que devia ser feito neste recinto. No meio da aldeia há sempre discordância, uns que vendem mais, outros menos.” No campo de festas, afirma, “as pessoas todas veem, todas compram e todas vendem.”
Já Ana Correia, responsável pelas demonstrações de produção de enchidos ao longo do fim-de-semana, partilha do entusiasmo e diz que, apesar do calor, prefere o novo espaço: “Para mim nunca devia ter saído daqui. É mais calor, mas é melhor para o povo, eu acho, e para tudo.”
Este ano são 18 os expositores de enchidos, presunto, artesanato, comes e bebes presentes no evento. Menos que nos anos anteriores, mas a esperança da União de Freguesias é que o número volte a aumentar, neste novo espaço.
Quem nunca falta é o maior produtor nacional de enchidos e presuntos, A Casa Quintela. Além da importância da feira para a promoção da marca, o representante da empresa aproveita para deixar um apelo: é preciso dar mais valor à charcutaria. “O concelho do Fundão não vive só de queijo nem de cereja. Vive também da charcutaria”, defende, lembrando que o setor carrega uma tradição antiga e um saber que não pode ser esquecido.
Para a Casa Quintela, o futuro do setor passa por “exposição, formação, devoção, esforço” — e por levar os produtos do Fundão mais além.
Com um peso estimado de 30 milhões de euros na economia local, o setor dos enchidos tem vindo a crescer no concelho do Fundão. Paulo Fernandes, presidente da câmara, acredita que a aposta na organização coletiva pode ser o próximo passo. “Temos conseguido puxar todos estes produtos do concelho, com planos específicos para os vinhos, para a cereja, para o queijo”, afirmou.
A experiência com outras fileiras é, segundo o autarca, um exemplo a seguir. “A IGP da Cereja do Fundão é intermunicipal, no vinho apanhámos toda a região, todas as DOPs do centro interior do país conseguiram organizar-se”, recorda. E deixa o desafio: “Nos enchidos, acho que o caminho pode ser também hoje trabalhar mais em conjunto entre os empresários, para que a marca Enchidos do Fundão ou da Beira Baixa possa ir por aí fora.”
A XI Feira do Enchido e do Presunto decorre até domingo no campo de festas da Atalaia do Campo, com gastronomia, música, animação, workshops e a celebração dos sabores e tradições da região.