Está instalado na cidade do Fundão, na Praça Amália Rodrigues, um “frigorífico comunitário” que pretende combater o desperdício alimentar e ajudar pessoas em dificuldades económicas. A iniciativa partiu de um migrante israelita que através do seu pequeno restaurante quer fazer a diferença na comunidade fundanense.
Evitar o desperdício alimentar e, sobretudo, mitigar a fome de quem possa estar numa situação economicamente vulnerável foram os principais motivos de Kfir Yosef para instalar, junto do seu próprio restaurante “Shuk”, um frigorífico comunitário.
O projeto de ajuda mútua convida todas as pessoas a deixarem sobras ou outros produtos alimentares, para que outras levem caso seja necessário.
A ideia já tinha sido colocada em prática com lotes de roupa em segunda mão e não tardou a chegar a outro setor.
Da mesma forma que a comunidade se mobilizou para a doação de roupa, também se tem mobilizado agora para o frigorífico comunitário, instalado junto ao restaurante “Shuk” desde o final do mês de julho.
A relação com a comunidade não se fica por aqui. Kfir Yosef, metade israelita metade britânico, chegou ao Fundão há cerca de quatro anos. As voltas da vida fê-lo deixar o trabalho de “personal trainer” e uma start-up em Israel para se dedicar à restauração em Inglaterra.
Foi no país britânico que aprendeu e se apaixonou pelos dotes culinários, sobretudo da gastronomia do médio oriente. Quis trazer esses sabores para o concelho do Fundão, onde tem uma irmã a residir há dez anos. Tentou abrir um restaurante próprio, mas “por más experiências anteriores com inclinos migrantes e outras justificações”, aponta, ninguém lhe arrendou um espaço.
Cansado de esperar, arregaçou as mangas e ergueu, há quase um ano, um pequeno negócio na Praça Amália Rodrigues.
“Shuk”, que na língua israelita significa “mercado” é um espaço dedicado a comida do médio oriente, mas Kfir Yosef quer fazer a diferença e torna-lo mais dinâmico para a comunidade.
O sentido de comunidade de Kfir reflete-se também às terças-feiras, dia em que oferece comida a migrantes e outras pessoas que não têm possibilidades de a pagar.
Espírito de entreajuda e solidariedade; dinamismo cultural e inovação gastronómica é o que o migrante israelita quer trazer para o seu pequeno negócio, mas também para o concelho do Fundão.